Eleições 2024: candidatos de Bolsonaro crescem mais do que os apoiados por Lula

Eleições 2024: candidatos de Bolsonaro crescem mais do que os apoiados por Lula


À frente das rivais de Aracaju, Emília Correia passou de 26% para 36%. (Foto: Divulgação)

A nova rodada da pesquisa Quaest mostra que, a pouco mais de duas semanas da eleição, os candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que adotaram estratégias diferentes em relação à exposição do padrinho nas campanhas, tiveram variações mais positivas do que os nomes dos Presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas capitais. É o que mostra uma pesquisa baseada nas intenções de voto medidas em 24 cidades nos últimos dias e que considera as duas últimas pesquisas realizadas pelo instituto.

Em 17 capitais, aliados de Bolsonaro registraram melhora nas intenções de voto. Neste grupo, seis tiveram crescimento, considerando a margem de erro. Entre os apoiados pelo PT, houve oscilação positiva em sete capitais e crescimento apenas em Fortaleza, onde Evandro Leitão (PT) passou de 14% para 21%.

Os resultados envolvem tanto a tática de aderir a Bolsonaro quanto de se distanciar. Os candidatos do PL que lideram as pesquisas eleitorais nas capitais do Nordeste, por exemplo, vêm se libertando do ex-presidente, numa estratégia para escapar do impacto de sua rejeição em uma região majoritariamente Lulu. Emília Correia, em Aracaju; João Henrique Caldas, JHC, em Maceió; e André Fernandes, em Fortaleza, evitam nacionalizar a disputa e associar a imagem ao ex-presidente, num plano oposto, por exemplo, ao de Alexandre Ramagem, que ganhou força no Rio após intensificar a presença do aliado na TV.

Questões locais

À frente das rivais de Aracaju, Emília Correia passou de 26% para 36%. Ainda na pré-campanha, Bolsonaro esteve na capital sergipana, mas o candidato do PL ignorou a visita nas redes sociais. Como justificativa, ela disse que “nunca foi ativista de nada”.

Em menor medida, o distanciamento também ocorre em Fortaleza, onde André Fernandes participou de evento com Bolsonaro em agosto, mas não tem utilizado a figura do ex-presidente na propaganda eleitoral e também evita se associar a ele em debates com outros candidatos. Na cidade, Fernandes subiu sete pontos e empatou com Capitão Wagner (União) e Evandro Leitão na liderança.

Desde o início da campanha, os candidatos do PL em Fortaleza e Aracaju mencionaram Bolsonaro em postagens no Instagram apenas uma vez, em agosto, quando o ex-presidente visitou Fortaleza e no dia em que Emília se encontrou com ele em Brasília, respectivamente. O prefeito de Maceió não mencionou nenhuma vez o ex-presidente. Ele manteve os mesmos 74% de intenções de voto registradas em agosto na pesquisa Quaest divulgada ontem.

No Rio, Ramagem adotou estratégia oposta e conseguiu diminuir a vantagem de Eduardo Paes (PSD), variando positivamente de 13% a 18% das intenções de voto, ao avançar entre os eleitores que votaram em Bolsonaro. Neste grupo, ele aparece agora com 41%, contra 39% de Paes.

Nas demais capitais, houve movimento semelhante. Em Curitiba, o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) passou de 27% para 45% das intenções de voto no eleitorado do ex-presidente em 2022. Entre os candidatos apoiados por Bolsonaro, ele registrou o maior aumento nas pesquisas. Na população geral, o também aliado do governador Ratinho Jr. (PSD) se separou dos demais concorrentes, avançando de 19% para 36%.

“As pesquisas mostram que o eleitorado bolsonarista começa a se posicionar ou ficou em dúvida entre os candidatos, e agora decidiu qual será o seu. A tendência é que esse eleitor acerte seu voto com a liderança”, avalia Josué Medeiros, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Mesmo em São Paulo, onde Ricardo Nunes (MDB) manteve 24% na disputa geral, o prefeito conseguiu reduzir a vantagem de Pablo Marçal (PRTB) neste segmento, ao oscilar positivamente três pontos, para 35% da preferência deste grupo, contra 42 % para o ex-técnico.

Houve também aumento de nomes apoiados por Bolsonaro em Campo Grande, Natal e Salvador. Variações positivas dentro da margem de erro ocorreram, no total, em 11 cidades. Na capital mineira, Bruno Engler (PL) conseguiu se separar dos rivais e aparece empatado com o prefeito Fuad Noman (PSD) na segunda posição, atrás de Mauro Tramonte (Republicanos).

“Os resultados da Quaest, de forma geral, mostram a força da direita. Dentro dela, onde o próprio candidato não é o garante das conquistas no município, Bolsonaro tem servido de padrinho e trazido apoio”, afirma Luciana Veiga, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) . A informação é de O Globo.