20/09/2024 – 17:50
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Grande incêndio atinge Parque Nacional de Brasília
O reforço dos recursos orçamentais para o combate às alterações climáticas, as penas mais rigorosas para os incêndios florestais criminosos, a valorização dos bombeiros e as ações emergenciais para a saúde da população fazem parte da mobilização dos deputados face à atual seca histórica e aos incêndios descontrolados. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já havia defendido mais recursos para o combate aos incêndios florestais, durante reunião com os chefes dos três poderes nesta terça-feira. Em entrevista à Rádio Câmara nesta sexta-feira (20), o deputado Dorinaldo Malafaia (PDT-AP) detalhou o projeto de lei (PL 3645/24) que acaba de apresentar para aumentar a pena nos casos de queimada intencional.
“Nos últimos 75 anos, é a maior seca que já tivemos. Somado a isso, temos incêndio criminoso. Não é possível que o Parlamento brasileiro não aborde esta questão. Portanto, estamos aumentando a pena de seis para dez anos, que é uma pena mais severa. Há um grupo negacionista, que nega a ciência e nega a crise climática, mas agora espero que a realidade prevaleça”, afirmou.
Ex-presidente do Ibama e consultora legislativa aposentada, a atual coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima Suely Araújo concorda com esse ajuste na legislação.
“Hoje temos, na Lei de Crimes Ambientais, dois a quatro anos de reclusão por incêndio criminoso doloso. Mas, na modalidade culposa, que afetará a maioria das situações, há uma pena baixa de até um ano de detenção, mas que certamente se transformará em uma medida como o pagamento de uma cesta básica. Não pode ser assim”, disse ele.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, informou que a Polícia Federal já abriu 5,3 mil inquéritos sobre suspeitas criminais de incêndios florestais e também pediu o endurecimento das penas. O deputado Bohn Gass (PT-RS) espera celeridade na investigação e condenação dos verdadeiros responsáveis.
“Todos os funcionários que cuidam desses aspectos se uniram para tomar todas as medidas, inclusive o uso da Força Nacional, para que possamos identificá-los e reprimi-los. Essas pessoas devem ser responsabilizadas. Quando a fauna e a flora perdidas devido a esses incêndios criminosos se recuperarão? É inaceitável.”
Este ano, o Congresso Nacional já aprovou o Lei da Qualidade do Arem vigor desde maio, e o Lei de Gestão Integrada de Incêndiosem agosto. Atualmente analisando a medida provisória (MP 1258/24) com crédito extra de R$ 514 milhões para combate a incêndios na Amazônia. O bioma concentra 50% das queimadas deste ano, seguido pelo Cerrado (32%), Pantanal (10%) e Mata Atlântica (8%). Os deputados Weliton Prado (Solidariedade-MG) e Célia Xakriabá (Psol-MG) acabam de apresentar propostas (PL 3485/24 e PL 3621/24) para aprimorar e regulamentar as atividades das brigadas florestais. Coordenador da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Dr. Zacharias Calil (União-GO) também cobra ações do governo em relação à saúde da população.
“A densa fumaça que cobre cidades inteiras aumenta drasticamente os casos de doenças respiratórias, principalmente em crianças e idosos, sobrecarregando o Sistema Único de Saúde. É fundamental que o Ministro da Saúde lidere os esforços para enfrentar os impactos destes incêndios”, destacou.
Plano Climático
A consultora do Observatório do Clima, Suely Araújo, pediu urgência nas ações de adaptação e mitigação que farão parte do Plano Nacional de Mudanças Climáticas (Plano Clima), além da coordenação federativa.
“De imediato, temos que ter bombeiros no terreno durante todo o ano, inclusive no período das chuvas, preparando o terreno para que os incêndios não atinjam áreas tão grandes quando chegar a seca. E, na minha opinião, a presidência da República deve liderar um movimento muito forte junto aos governadores, porque grande parte das responsabilidades do controle de incêndios está nos estados”.
A Confederação Nacional dos Municípios (CMN) estima que as perdas com queimadas descontroladas já superem R$ 1 bilhão.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Ana Chalub
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