Eleitorado com 16 e 17 anos cresce 57% em BH

Eleitorado com 16 e 17 anos cresce 57% em BH


O número de eleitores de 16 e 17 anos em Belo Horizonte cresceu 57% em relação à última eleição municipal. Segundo o perfil do candidato brasileiro divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esse número saltou de 3.456 eleitores em 2020 para 5.426 em 2024.

Se considerarmos apenas os eleitores de 16 anos, o salto foi gigantesco, 223,49%, passando de 491 eleitores em 2020 para 1.556 em 2024. Os cidadãos de 17 anos com direito a voto cresceram 30% neste intervalo, de 2.975 para 3.870. eleitores.

Em Minas Gerais, o número de eleitores de 16 e 17 anos cresceu 61,82%, passando de 92.114 em 2020 para 149.059 em 2024. No grupo de eleitores de 16 anos houve um aumento de 53,36% em relação à última eleição municipal, saltando de 22.593 para 57.242. Entre os cidadãos com 17 anos que possuem título de eleitor, registou-se um aumento de 32% desde 2020, passando de 69.521 para 91.817.

No Brasil, são 1.836.041 eleitores de 16 e 17 anos, um aumento de 78,15% em relação a 2020, quando 1.030.563 cidadãos dessa faixa etária estavam aptos a votar. Hoje, no país, são 724.324 eleitores com 16 anos, ante 239.961 em 2020, um aumento de 201,85%. Os eleitores de 17 anos saltaram de 790.602 em 2020 para 1.111.717 em 2024, um aumento de 40,6%.

De 2020 a 2024, o número total de eleitores no Brasil cresceu 5,4%: de 147.918.483 para 155.912.680). Em Minas Gerais, esse percentual de crescimento foi menor, 3,65% (de 15.889.559 para 16.469.155). Em Belo Horizonte o aumento foi ainda menor, 2,56% (1.943.184 para 1.992.984).

A percentagem de eleitores com 16 e 17 anos, cujo voto é facultativo, é pequena comparativamente ao número total. Se somarmos as duas idades, no Brasil essa faixa etária corresponde a 1,17% do total de eleitores brasileiros. Em Minas Gerais esse percentual de cidadãos equivale a 0,91%, enquanto em Belo Horizonte esse percentual é de 0,27%.

Alguns factores justificam este salto considerável no interesse dos jovens de 16 e 17 anos em votar. Inicialmente, em 2020, a pandemia da Covid-19 pode ter desencorajado estes eleitores de obterem o título de eleitor. No entanto, nas polarizadas eleições presidenciais de 2022 houve uma campanha conduzida por artistas e influenciadores para incentivar os cidadãos desta faixa etária a votar. Segundo o TSE, mais de dois milhões de jovens atenderam a esse chamado.

Redes sociais

O professor de Ciência Política do Ibmec, Adriano Gianturco, destaca que as estratégias dos candidatos mudaram e provocaram maior interesse, principalmente entre os mais jovens. “Os debates na TV estão acontecendo para gerar cortes para as redes sociais, e depois o candidato posta para a sua audiência. Os políticos aprenderam a jogar este jogo. Os jovens acabam recebendo mais esse conteúdo e compartilhando, participando mais da política”, afirma.

Segundo o especialista, o fenómeno da nacionalização das eleições autárquicas contribui para o interesse da faixa etária em participar nas eleições. “Esse enfoque ideológico chama a atenção dos mais jovens, porque esse público não se interessa pelas questões práticas e pragmáticas envolvidas, como impostos, saneamento básico, trânsito. O que importa são as lutas simbólicas e intangíveis. Essa é uma arma usada pelos políticos para atrair eleitores, funciona mesmo”, ressalta.

Segundo o cientista político, existe uma relação entre o interesse do eleitorado em participar das eleições e a idade e a classe social. “Os mais jovens, com menor poder aquisitivo e escolaridade, que moram nas periferias tendem a participar menos da política”, explica.

‘Todo mundo fala sobre política’

O estudante belo-horizontino Lucas Braga, de 16 anos, faz parte dos quase dois mil novos eleitores da capital mineira. “Queria levar o título porque procuro um candidato com quem me identifique, alguém que represente melhor Belo Horizonte”, diz.

“O Brasil está muito politizado há alguns anos. Todo mundo fala de política o tempo todo, os mais jovens também. Boa parte não liga, mas a maioria quer votar”, afirma Lucas.

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O adolescente Pablo Henrique Alves, de 16 anos, recebeu seu título de eleitor de “obrigado” e não pretende votar este ano. Apesar da descrença, ele diz perceber que as pessoas têm falado mais sobre política nos ambientes que frequenta. “Não vou ‘mexer’ nisso, vou deixar para os outros. Porque nada muda, permanece sempre igual”, declara.



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