O coordenador residente da ONU em Timor-Leste, Funmi Balogun, destacou a importância de expandir o espaço para que “as vozes dos jovens sejam ouvidas”. Às vésperas da Cúpula do Futuro, nos dias 22 e 23 de setembro, ela compartilhou as ações da ONU no país para dar mais destaque à juventude.
O representante da ONU destacou que os actuais líderes timorenses são os heróis da luta pela independência e são altamente respeitados dentro e fora do país. Neste contexto, os jovens têm dificuldade em ocupar espaços na vida política.
Prioridades da juventude timorense
Funmi disse que a ONU procura facilitar “espaços seguros para eles desenvolverem liderança nas questões que são importantes para eles”.
Entre os temas que mobilizam os jovens timorenses, destacou o emprego, a paz, o cumprimento da constituição e a aplicação dos valores democráticos e dos direitos humanos.
Estas prioridades foram elencadas num evento preparatório para a Cimeira do Futuro organizado pelo escritório da ONU em Timor-Leste no final de Agosto. Pouco depois, o país comemorou 25 anos desde o referendo organizado pela ONU que levou a nação insular à independência.
Inspiração para a Cúpula do Futuro
Para Funmi, “Timor-Leste é o exemplo perfeito para a ONU de como o sistema multilateral pode funcionar a favor de um país”, porque na altura da ocupação pela Indonésia, a partir de 1975, a independência parecia impossível.
Contudo, através da luta do povo e da utilização das leis e princípios internacionais defendidos pela ONU, este desejo de autodeterminação tornou-se uma realidade em 1999.
Funmi afirmou que desde então a nação asiática tem utilizado os instrumentos das Nações Unidas em diversas questões, como definição de fronteiras, negociações em torno de recursos naturais e direitos humanos.
O coordenador residente acredita que a história de Timor-Leste precisa de ser usada como referência e inspiração no processo de reforma da ONU que está em curso com a Cimeira do Futuro.
Preparação liderada por jovens
Para contribuir para o evento, o Escritório da ONU em Timor-Leste organizou conversas “lideradas e orientadas por jovens do início ao fim”. Neste sentido, os encontros foram organizados totalmente planeados pelos jovens timorenses que escolheram o formato, os temas, as formas de envolvimento e os oradores.
O papel da equipa da ONU limitou-se a funções mínimas de facilitação e apoio, orientando os participantes a serem guiados pelos resultados esperados da Cimeira do Futuro e a estabelecerem ligação com outras organizações juvenis na região e em todo o mundo.
Segundo Funmi, o envolvimento da ONU com a juventude timorense também foi muito forte no processo de preparação da Revisão Nacional Voluntária do país, realizada em 2023. O documento avalia os avanços alcançados em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Cartas sobre o futuro
Ela disse que em 2002, ano em que Timor-Leste se tornou independente, jovens que frequentavam a escola primária escreveram cartas sobre a sua visão de como o país deveria ser 20 anos depois.
A equipe da ONU recuperou essas cartas e foi procurar esses jovens para que pudessem olhar a constituição do país e debater os avanços que poderiam ser incluídos na revisão.
Este processo gerou um relatório sobre a visão de futuro que estes jovens tinham no momento da independência, a sua percepção de como o país está a progredir em relação a estas expectativas e o alinhamento com os objectivos globais propostos pela ONU.
Funmi reiterou que o forte envolvimento dos jovens na Revisão Nacional Voluntária e na preparação para a Cimeira Futura reflecte a visão ampla que têm sobre os destinos do país e o seu desejo de contribuir para os objectivos globais.
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