O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania reabriu investigação sobre assédio moral contra o secretário da Criança e do Adolescente, Cláudio Augusto Vieira da Silva, após receber denúncia anônima com 14 condutas irregulares que teriam sido cometidas por ele.
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Esta é a segunda vez que Silva é denunciado por esse tipo de comportamento. O primeiro chegou à ouvidoria do departamento em janeiro deste ano, foi encaminhado à Corregedoria, mas acabou arquivado por suposta falta de materialidade.
As novas denúncias chegaram à secretaria na última segunda-feira (9), após a demissão do ex-ministro Silvio Almeida, acusado de assédio sexual e moral. Ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) seria uma das vítimas. Ele nega.
Com a nova denúncia, a pasta agora liderada pelo ministro Macaé Evaristo reabriu a investigação e há possibilidade de o secretário ser exonerado. Macaé ainda aguarda processos burocráticos para que possa fazer alterações em sua equipe.
O site Brasil de Fato revelou casos de assédio contra Silva, e a Folha de S.Paulo também teve acesso à denúncia que relata episódios de supostos abusos do secretário.
Procurado, Cláudio Augusto Vieira da Silva não quis comentar. O ministério afirmou ser “pertinente a reabertura do processo para apuração dos novos fatos apresentados”.
“Macaé Evaristo defende que todas as denúncias são investigados com rigor, garantindo o amplo direito de defesa e sigilo, especialmente às vítimas”, afirmou o ministério, em nota.
A reportagem também procurou Silvio Almeida por meio de sua defesa e questionou se ele tinha conhecimento dos fatos. Não houve resposta até a publicação deste relatório.
A denúncia contra o secretário foi enviada ao ministério de forma anônima na última segunda-feira. O texto afirma que Silva cometeu 14 dos 34 atos de assédio moral apresentados no Guia Lilás, diretriz do governo federal para prevenir esse tipo de situação.
“Este documento apresenta algumas situações identificadas como práticas de extrema gravidade que vêm ocorrendo de forma sistemática no âmbito da Secretaria Nacional da Criança e do Adolescente”, diz o texto.
A denúncia afirma que se baseia em relatos das vítimas, registros internos e mensagens trocadas com a secretaria, mas que não há vídeos das situações.
Os alegados casos envolvem vários funcionários do ministério, a maioria deles subordinados a ele, e o assédio ocorreu frequentemente contra mulheres, segundo o documento.
Há episódios de ameaças de demissão, impedimento de mulheres de falar em reuniões, tratamento com desprezo ou gestos de desprezo e críticas à vida privada dos funcionários públicos.
Silva, segundo a denúncia, já criticou e fez piadas sobre gravidez no trabalho e se apropriou de ideias de mulheres subordinadas a ele sem creditá-las.
O documento afirma ainda que, além de privilegiar alguns de seus funcionários, agiria para segregar, constranger, menosprezar e exercer controle excessivo contra aqueles que assediava. Há relatos de desqualificação de profissionais e cobranças humilhantes, exageradas, desproporcionais ou agressivas.
“Tais ações têm sido tratadas como ‘brincadeiras’ e ‘estilo de gestão’. Nesse sentido, é importante afirmar que não se tratam de brincadeiras nem de estilo de gestão, mas sim de práticas de assédio moral no ambiente de trabalho”, diz a denúncia.
Dias antes da demissão de Silvio Almeida, o UOL revelou uma série de denúncias de assédio moral dentro do Ministério dos Direitos Humanos, em diversas áreas da secretaria.
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