11/09/2024 – 18:37
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Debate foi solicitado pela deputada Adriana Ventura
Especialistas em educação sugeriram nesta quarta-feira (11) que o próximo Plano Nacional de Educação (PNE), em discussão na Câmara dos Deputados, considere metas e competências analisadas em avaliações internacionais de sistemas de ensino. Eles participaram de debate na Comissão de Educação a pedido da deputada Adriana Ventura (Novo-SP).
Fábio Gomes, gestor público e especialista em educação, destacou a importância das avaliações internacionais em larga escala como padrão ouro. Para ele, a avaliação feita no Brasil não é comparável aos padrões utilizados nas maiores economias do mundo.
“Essas avaliações focam na aprendizagem de conteúdos específicos e permitem comparar a qualidade da educação entre diferentes países, diferentemente das avaliações nacionais, como a do Saeb [Sistema de Avaliação da Educação Básica]”, disse ele.
Gomes disse ainda que um PNE sem metas de avaliação internacional não leva a sério as medidas de aprendizagem dos alunos. “O Brasil precisa garantir que a aprendizagem das crianças brasileiras esteja alinhada com o que aprendem seus pares nos países desenvolvidos”, acrescentou.
Douglas Vilhena, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora, informou que o Brasil participa atualmente de três avaliações internacionais: Pirls (leitura, realizada em 57 países), Timss (matemática e ciências, realizada em 70 países) e Pisa, organizada pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), abrangendo 81 países. Segundo ele, os resultados dos estudantes brasileiros estão estagnados abaixo da média desde o ano 2000.
“Em leitura, matemática e ciências, os resultados do Brasil estão abaixo da média. Na avaliação de leitura, 50% dos alunos brasileiros atingiram pelo menos o nível 2 de proficiência, enquanto a média global é de 77% dos alunos, destacou.
Base curricular
Rubens Lacerda Júnior, diretor de avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela aplicação das avaliações nacionais e internacionais no país, defendeu a adaptação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para avaliação de modelos internacionais.
A BNCC define o currículo da educação básica para garantir um nível uniforme de conhecimento entre os alunos das escolas públicas e privadas. O objetivo é equalizar a construção do conhecimento para gerar objetivos de aprendizagem comuns a todos.
“A primeira pergunta que fazemos ao participar numa avaliação internacional é se o currículo nacional é adequado e como esta avaliação internacional pode nos fazer refletir sobre eventuais melhorias necessárias para alcançar o desempenho dos alunos ou se, de facto, as premissas dessa avaliação são inconsistentes. do projeto de educação que a nação tem neste momento”, argumentou.
Claudia Costin, ex-diretora global de educação do Banco Mundial e diretora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), comentou a evolução dos objetivos da educação no Brasil com base no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Ao contrário de 2015, o foco agora está tanto no acesso à educação como na aprendizagem. A necessidade de monitorar e avaliar a aprendizagem é enfatizada com exemplos como o Pisa”, observou ela. “Dados recentes mostram que 44% das crianças das escolas públicas brasileiras não eram alfabetizadas ao final do segundo ano”, acrescentou.
Reportagem – Murilo Souza
Edição – Ana Chalub
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