Organizado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, o ato do 7 de Setembro virou protesto contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, autor da decisão que suspendeu a rede social X no Brasil. O evento contou com a presença de Bolsonaro e de vários aliados do ex-presidente, como deputados, senadores e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Nem todos, porém, se manifestaram no palanque e optaram por uma participação mais discreta, como foi o caso do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição neste ano.
Além de Bolsonaro, outros aliados do ex-presidente também discursaram durante o evento. A maior parte dos discursos focou nos ataques ao ministro Alexandre de Moraes. Também falaram os deputados Nikolas Ferreira, Carla Zambelli, Bia Kicis e Gustavo Gayer, além do senador Magno Malta.
Moraes “ditador”
O ex-presidente Jair Bolsonaro aproveitou o discurso do dia 7 de setembro para atacar o ministro, responsável pelas investigações contra ele no Supremo. Ele também cobrou providências do Senado, para analisar um possível pedido de impeachment de Moraes. “Espero que o Senado Federal coloque um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil do que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente também repetiu que as eleições de 2022, nas quais foi derrotado, foram fraudadas, e afirmou ter sido eleito quatro anos antes por uma “falha do sistema”.
Perseguição e psicopatia
Filho Zero Três de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou duramente Moraes. O parlamentar chamou o ministro de psicopata e afirmou que tinha um plano para prender o filho do ex-presidente. Ele também prestou homenagem a Elon Musk, dono da rede social X, suspensa no Brasil por ordem de Alexandre de Moraes.
“Um psicopata é capaz de separar uma mãe de um filho sem nenhum remorso”, disse Eduardo. Ele pediu que a multidão aplaudisse a família de Cleriston Pereira da Cunha —conhecido como Clezão, que morreu dentro do presídio da Papuda, por problemas de saúde. Em seguida, cantou o refrão “Fora Xandão”.
Tarcísio de Freitas
Mais moderado em seus discursos, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aproveitou seu discurso no evento para pedir a volta de Jair Bolsonaro à Presidência – provocou coro na plateia – e também pediu anistia para as pessoas que foram presas por participarem dos atos de 8 de janeiro de 2023. Todos foram presos por ordem de Alexandre de Moraes.
“A liberdade é uma árvore frondosa. Se aquela árvore morrer, os frutos morrem. Se os frutos morrerem, nosso futuro morre. Não podemos deixar o nosso futuro morrer. Não podemos perder o que nos é mais caro, que é a nossa liberdade”, afirmou.
Prisão do ministro
Amiga de Bolsonaro e organizadora do evento, a pastora Sila Malafaia defendeu não só o impeachment do ministro do STF, mas também pediu a prisão de Moraes. Diante de centenas de manifestantes, afirmou que “lugar de criminoso é na prisão”.
“Chegará a hora de Alexandre de Moraes prestar contas. Ele é um ditador de toga. O inquérito de 8 de janeiro é uma farsa sua para produzir perseguição política. Ele censurou as pessoas. Estou mostrando que são os artigos da Constituição que ele rasgou”, disse Malafaia. “Ele não merece apenas impeachment. Ele tem que ir para a cadeia. Lugar de criminoso é na prisão”, acrescentou.
Silêncio
Enquanto vários políticos discursaram no evento, outros, porém, preferiram seguir a linha da discrição. Candidato à reeleição à prefeitura de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que se aliou a Bolsonaro na tentativa de surfar eleitoralmente na onda conservadora, resumiu sua participação simplesmente compartilhando o palanque com outras autoridades. Por ser candidato, Nunes é impedido pela Justiça Eleitoral de se manifestar em atos desse tipo. Sua participação no evento gerou atritos ao longo da semana. Parte da base bolsonarista apoia a candidatura de Pablo Marçal a prefeito. O treinador chegou ao Paulista ao final da manifestação e não subiu ao palco. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que discursou no comício de Bolsonaro na Paulista em fevereiro, não falou desta vez.
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