Alexandre de Moraes tem “ego gigante e muita coragem”, diz a revista britânica The Economist

Alexandre de Moraes tem “ego gigante e muita coragem”, diz a revista britânica The Economist


Para a revista, Moraes é “sem dúvida corajoso”, mas suas ações estão prejudicando a imagem que os brasileiros têm da Justiça. (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

A revista britânica The Economist disse que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tem “ego gigante e muita coragem”. “É preciso um ego gigante e muita coragem para enfrentar Elon Musk, o homem mais rico do mundo, dono da X, uma rede social que muitas vezes pode parecer o seu megafone pessoal”, escreve a revista. “Alexandre de Moraes, o juiz que em 30 de agosto ordenou o bloqueio do X no Brasil, tem os dois”, acrescenta.

A revista traça o perfil do ministro brasileiro, afirmando que ele é conhecido por decisões polêmicas, mas também por sua coragem no enfrentamento de forças poderosas.

“A proibição de X reflete em parte as rígidas leis brasileiras sobre liberdade de expressão. Mas também se enquadra em um padrão de decisões polêmicas de Moraes, conhecido por sua busca incansável por casos de grande repercussão”, diz o texto.

Sobre a disputa com X, a revista diz que a decisão de Elon Musk de retirar representantes legais do Brasil, em resposta ao pedido do STF de bloqueio de contas, é “uma posição que poucas empresas bem administradas considerariam”.

A revista critica Moraes e o sistema de justiça brasileiro.

“No entanto, a resposta do juiz vai além das normas de proporcionalidade”, afirma o Economista, citando o bloqueio de VPNs no Brasil e o congelamento de contas na Starlink, outra empresa de Musk no Brasil.

“Parte da explicação para esta abordagem draconiana são as leis intervencionistas de expressão do Brasil. Procuram agora policiar os “crimes contra a democracia”, como notícias falsas nas redes sociais que podem prejudicar o processo eleitoral, e os “crimes contra a honra”, mesmo quando mensagens ofensivas são recebidas em privado.”

“Embora um único juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil, composto por 11 membros, possa tomar decisões vinculativas, estas às vezes são revisadas pelo tribunal total ou parcial.”

A reportagem diz ainda que outras medidas de Moraes fizeram o STF “parecer autoritário”: pela abertura de investigações sobre fake news e milícias digitais, por operações contra empresários que falavam do golpe em mensagens de WhatsApp e por censurar reportagens de revistas.

A revista diz que Moraes é “sem dúvida corajoso”, mas que as ações do ministro estão prejudicando a imagem que os brasileiros têm da Justiça.

Liberdade de expressão

Além do perfil sobre Moraes, o Economista publicou um editorial sobre liberdade de expressão, no qual critica a justiça brasileira.

“Outros casos recentes buscam censurar e punir discursos que deveriam estar dentro da lei. O Brasil baniu X por sua recusa em cumprir ordens judiciais opacas para remover dezenas de contas, incluindo aquelas pertencentes a membros do Congresso; usuários que tentam acessar a plataforma enfrentam multas pesadas.”

O editorial afirma que hoje existem ameaças à liberdade de expressão em todo o mundo, além do caso de X no Brasil: na França, o fundador do Telegram foi preso; nos EUA, há ameaças de que o TikTok seja bloqueado; no Reino Unido, pessoas foram presas por mensagens publicadas nas redes sociais sobre os recentes distúrbios.

“A nossa posição de muitos anos é clara: só com a liberdade de errar as sociedades podem avançar lentamente em direção ao que é certo”, escreve a revista no editorial.

“O que mudou é que hoje as objeções mais ruidosas à repressão à liberdade de expressão vêm de direitistas como Elon Musk, o chefe do [o ex-presidente Donald] Trunfo.”

Mas a revista considera que “a liberdade de expressão dificilmente está segura nas mãos de libertários ocasionais como Musk, que processa aqueles de quem discorda, proíbe palavras de que não gosta na sua plataforma e é cordial com Vladimir Putin, cuja ferramenta de moderação de discurso preferia”. o conteúdo é Novichok [um veneno usado para matar dissidentes]”.