09/05/2024 – 12h16
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Professor Goreth, autor da proposta
O Projeto de Lei 3.033/24 visa garantir atendimento de curta duração na rede pública de saúde às pessoas que cometeram automutilação e tentativa de autoextermínio e aos familiares daqueles que cometeram suicídio.
De acordo com o projeto, após ser notificado sobre um caso de violência autoprovocada, a rede pública de atenção psicossocial deverá agendar uma consulta de acolhimento para a pessoa que cometeu a automutilação ou para os familiares enlutados no prazo de sete dias.
A autoridade sanitária fica dispensada de notificar o serviço público de saúde caso a pessoa opte pelo tratamento na rede privada.
O descumprimento do prazo constitui infração sanitária.
A proposta, que está em análise na Câmara dos Deputados, altera a lei que instituiu a Política Nacional de Prevenção à Automutilação e ao Suicídio.
O autor do projeto, deputado professor Goreth (PDT-AP), afirma que uma das medidas mais importantes para prevenir o suicídio é o acompanhamento imediato por um profissional de saúde mental, com psicoterapia e medicamentos, se necessário.
Estudos mostram que o tratamento adequado pode prevenir novas tentativas de automutilação. No Brasil, porém, há grande dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde mental.
“Temos que eliminar esse atraso e garantir que as pessoas que estão em situação de risco tenham o apoio necessário o mais rapidamente possível”, disse o deputado. “Também passei por situações na minha família. Cada minuto é crucial para evitar que a situação se agrave”, alertou.
Números
Dados da Fiocruz divulgados em fevereiro deste ano mostram que a taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano no Brasil entre 2011 e 2022, enquanto os relatos de automutilação na faixa etária de 10 a 24 anos aumentaram 29% ao ano no mesmo período.
Entre a população em geral, as taxas também vêm crescendo anualmente. De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, ocorreram em média mais de 700 mil suicídios em todo o mundo. Como há subnotificação, estima-se que esse número chegue a 1 milhão de casos.
No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia, segundo a campanha Setembro Amarelo. Esta campanha foi criada em 2013 pela Associação Brasileira de Psiquiatria, este ano o lema é “Se precisar, peça ajuda!”.
Próximas etapas
A proposta, que tramita em caráter conclusivoserão analisados pelos comitês de Saúde; e Constituição e Justiça e Cidadania. Para virar lei, a medida precisa ser aprovada por deputados e senadores.
Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Natalia Doederlein
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