As mudanças bruscas na segurança do Estado, anunciadas por Cláudio Castro (PL) nesta segunda-feira, 2, causam dor de cabeça ao governador desde então. Sem que ele tivesse deixado claro o motivo das mudanças, a princípio correram diferentes versões nos bastidores, o que envolvia uma relação tensa com o chefe da Polícia Civil, Marcus Amim. Nesta terça-feira, 3, ele foi alvo de críticas da esquerda à direita na Assembleia do Rio, com ataques inclusive de um integrante de seu partido, e viu nas redes sociais uma provocação do prefeito da capital fluminense ,Eduardo Paes (PSD). Depois, Castro afirmou que a mudança se deveu a um “enorme aumento da violência” e a uma “piora dos índices”.
Felipe Curi foi anunciado para substituir Amim, que agora assume o comando da Secretaria de Polícia Civil. Ele atuava como diretor do Departamento Estadual de Homicídios. Nos corredores do Palácio Guanabara, uma das versões que explica a troca é o mau relacionamento que Castro mantinha com Amim, somado a um depoimento que prestou recentemente à Polícia Federal no Caso Marielle, sobre uma suposta omissão da corporação em a investigação, no passado, de Ronnie Lessa, que mais tarde assumiria a execução da ex-vereadora.
A mudança na pasta da Defesa Civil — de Leandro Monteiro para Tarciso Salles Junior, bombeiro e ex-inspetor da Secretaria de Saúde — teria vindo como consequência, para reequilibrar o controle dos diferentes grupos políticos que atuam no Palácio Guanabara — e com a aprovação do presidente da Alerj e de seu círculo mais próximo, já que o grupo exerce forte influência na segurança do Estado. As duas mudanças foram publicadas no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira, 4.
Apesar disso, as manifestações na Assembleia de ontem à tarde não foram positivas para Castro. Apoiador de Eduardo Paes, o deputado estadual Luiz Paulo (PSD) repercutiu as críticas do prefeito e lembrou que a mudança na Polícia Civil foi a quarta deste governo. “Lamento que a mudança aconteça 30 dias antes das eleições e fique no ar: por que o secretário está saindo?” ele disse. A deputada Martha Rocha (PDT), que é delegada, pediu “respeito e responsabilidade” a Castro e disse que ele está “causando danos ao seu governo, à sua base e ao povo do Rio de Janeiro”.
Alan Lopes, parlamentar do PL, mesmo partido do governador, completou a lista de críticas: “Para melhorar a sua imagem, governador, você tem que mudar muito mais do que o secretário da Polícia Civil. Ele tem uma secretária que o cansa muito mais. Só há uma maneira de melhorar a imagem do Rio e é em 2026”, disse.
Mea culpa
Em declarações à Globo, ainda nesta terça-feira e diante das críticas, Castro foi contra o discurso que seu governo costuma adotar. Ele reconheceu os problemas na segurança do Estado e disse que essa foi a razão das mudanças.
“Temos visto um aumento enorme da violência, uma piora dos índices. Essa troca foi uma decisão minha”, afirmou ela.
Na verdade, como mostrou o Instituto de Segurança Pública (ISP) nas últimas semanas, o cenário não é positivo nas ruas. Segundo os dados, embora tenha havido uma redução de 17,5% no número de casos de mortes violentas no estado, houve um aumento de 93% no número de furtos de veículos, em comparação com as taxas de julho deste ano e do mesmo mês. em 2023. Foram 2.254 neste ano, ante 1.165 em 2023. Os furtos de celulares também aumentaram. Foram 1.226 em julho do ano passado e, no mesmo mês deste ano, foram 1.858 casos registrados na delegacia.
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