04/09/2024 – 09:05
Os participantes do Fórum de Prevenção à Cegueira e Reabilitação Visual na Infância reforçaram a necessidade do diagnóstico precoce de problemas oftalmológicos, principalmente em crianças, e do acesso aos tratamentos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). O simpósio foi realizado na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (3) a pedido do Frente Parlamentar Mista da Saúde, que é coordenada pelo deputado Dr. Zacharias Calil (União-GO).
Uma pesquisa realizada em São Paulo, citada pelo presidente do Congresso Brasileiro de Oftalmologia, Marcos Ávila, mostra que os pacientes levam de 206 a 1.499 dias para ter acesso ao tratamento para retinopatia diabética no estado. O médico foi enfático ao afirmar que o paciente “não pode esperar tudo isso”.
A presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Wilma Lelis Barboza, explicou que a retinopatia diabética representa a terceira causa de cegueira, atrás apenas da catarata e do glaucoma. Embora não haja cura, se tratadas corretamente, essas doenças podem ser controladas.
O médico Marcos Ávila disse que o Brasil adota cinco medicamentos para tratar a retinopatia diabética, todos oferecidos pelo SUS. Porém, o especialista afirmou que apenas 17% dos pacientes são tratados e apenas 2,89% deles recebem o protocolo de tratamento ideal. Segundo ele, o Brasil tem aproximadamente 7,1 milhões de pacientes com retinopatia diabética.
“Extrema preocupação. São 1,6 milhão de pacientes de alto risco, 275 mil tratamentos”, estimou o médico. “Esses pacientes necessitam de vários procedimentos no primeiro e no segundo ano. Temos que remodelar a assistência do SUS aumentando o número de procedimentos, ampliando a oferta por meio de uma nova política, com revisão de tabela e disponibilidade de medicamentos antiangiogênicos [medicamentos que impedem a formação de novos vasos sanguíneos] em larga escala”, afirmou Marcos Ávila.
Glaucoma
Quando se trata de glaucoma, a situação não é diferente. Segundo a médica Wilma Barboza, considerando apenas a região Sul do Brasil, o índice de pessoas com a doença é de 3,4%, o que corresponde a mais de 7 milhões de brasileiros. Mas a proporção de pessoas que podem ter acesso ao tratamento é baixa.
“São quase 1 milhão de pacientes em tratamento contínuo. Se olharmos para a prevalência da doença no nosso país, vemos que não estamos a servir nem a tratar toda a gente”, calculou.
Crianças
Quando se trata de crianças, a coordenadora da comissão social de oftalmologia do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Célia Nakanami, afirmou que o diagnóstico precoce é ainda mais fundamental. Segundo ela, a deficiência visual na infância traz uma série de prejuízos no desenvolvimento, como atrasos na fala, no andar e no relacionamento. Se desenvolver cegueira, a criança pode nem andar, segundo o médico, e a condição também aumenta a mortalidade.
No Brasil, segundo Nakanami, o número estimado de crianças cegas chega a 27 mil, além de 54 mil com baixa visão. Os principais problemas oftalmológicos na infância são os erros de refração – que são a miopia e a hipermetropia –, a catarata e o glaucoma. Menos de 5% das crianças com deficiência visual têm acesso a serviços de reabilitação visual, segundo o especialista.
Relatório – Maria Neves
Edição – Rachel Librelon
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