Num cenário de sub-representação generalizada na política nacional, Minas Gerais se destaca como o terceiro pior estado em termos de percentual de mulheres concorrendo a prefeito. Estudo divulgado nesta sexta-feira (30/8) pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que há 267 candidatos ao Executivo nas 853 cidades mineiras, o que representa apenas 12% do total de nomes cadastrados na Justiça Eleitoral.
Minas Gerais só tem pior representatividade que Rio Grande do Sul e Espírito Santo, que têm 10% e 7% de suas candidaturas preenchidas por mulheres, respectivamente. A realidade mineira também está abaixo da média nacional. No Brasil, 2.311 mulheres tentam ser prefeitas, o que representa 15% do total de candidatos.
Estados do Norte e Nordeste do Brasil ocupam as nove primeiras posições no ranking de representatividade feminina na disputa pelo Executivo Municipal. Roraima lidera a lista com 25% de mulheres entre os competidores. Atrás vem o Rio Grande do Norte, com 24%; Sergipe, com 23%; Paraíba e Maranhão, com 21%; Alagoas e Ceará, com 19%; Tocantins, com 17,34%; e Pará, Rio de Janeiro, Amapá, Mato Grosso do Sul e Goiás, com 17%.
A pesquisa da CNM também listou o perfil dos candidatos por estado. Em Minas Gerais, a idade média dos 267 competidores é de 51 anos; 84% concluíram o ensino superior; 64% são brancos; 57% são casados; e 15% buscam a reeleição.
No Brasil, a idade média dos competidores é de 49 anos. Dos 2.311 candidatos, 79% possuem ensino superior completo; 62% são brancos; 56% são casados; e 18% buscam a reeleição.
Avanço tímido
A pesquisa do CNM também analisa a evolução das candidatas femininas nas eleições municipais desde 2000. A análise das últimas sete eleições mostra que, em geral, o número de mulheres que procuram o cargo de prefeita aumentou, mas a representatividade ainda está muito aquém da de gênero. proporção na sociedade, onde as mulheres são maioria na população.
Em números brutos, houve queda no número de candidatos a prefeito de 2020 para 2024. Nas últimas eleições municipais, 2.593 mulheres concorreram aos cargos, 282 nomes a mais que os 2.311 deste ano. Esta foi a primeira queda nesta categoria desde 2000, quando foram inscritas 1.150 candidatas. Quatro anos depois, esse número subiu para 1.535; aumentou para 1.693 em 2008; 2.080 em 2012; e 2.149 em 2016.
Em termos percentuais, este ano segue uma linha de crescimento após três eleições marcadas pela estagnação. Em 2000, 8% de todos os candidatos a um dos 5.570 presidentes de câmara do país eram mulheres. O número subiu para 10% em 2004; 11% em 2008; e atingiu 13% em 2012, índice que se manteve em 2016 e 2020. Este ano, 15% dos candidatos são mulheres.
Para a fundadora e presidente do Movimento Municipal de Mulheres (MMM), Tania Ziulkoski, o crescimento do número de candidatas nas eleições deste século não está em consonância com a potencial representação das mulheres na política. Segundo o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022, o Brasil tem 104,5 milhões de mulheres, 51,5% da população.
“O MMM foi criado em 2017 para iniciar esse trabalho sobre a importância de aumentar a representação das mulheres nas decisões políticas. Sabemos o potencial que têm e também as dificuldades que enfrentam quando assumem funções públicas. Nesse aspecto, trabalhamos em conjunto com ações de conscientização e capacitação. Embora ainda não seja o ideal, os dados da pesquisa mostram avanços e continuaremos trabalhando para garantir que a representatividade seja ainda maior”, afirma Ziulkoski.
A análise feita pela CNM com base na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra também que há um cenário de aumento no número de cidades que têm pelo menos uma candidata mulher nas eleições para prefeito dos municípios. Em 2000, apenas 19% dos municípios brasileiros tinham uma mulher na disputa pelo Executivo, a menor marca da série histórica.
O percentual subiu para 25% dos municípios em 2004; 27% em 2008; 32% em 2012; 33% em 2016; e 37% em 2020. Neste ano, ocorreu a primeira queda no índice, pois apenas 35% das cidades brasileiras têm pelo menos uma mulher tentando ser prefeita. Isto significa que, nas mais de 3.600 eleições marcadas para outubro próximo, os eleitores terão apenas os homens como opção de voto maioritário.
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