BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O esforço de uma ala da Câmara dos Deputados para reunir consenso em torno de um candidato na disputa pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL) contra Elmar Nascimento (União Brasil) fracassou esta semana após parlamentares se recusarem a desistir da candidatura.
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Na manhã desta sexta-feira (30/8), o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), conversou com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, em São Paulo, buscando o apoio do partido para seu nome. O líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA) é o candidato do partido. O ataque, no entanto, falhou.
O cenário atual pressiona Lira, que queria construir uma candidatura de consenso na Câmara, para garantir a vitória de quem ele apoia. O alagoano não pode ser reeleito e, por isso, busca transferir seu capital político para um nome de sua preferência.
Ele prometeu anunciar até este sábado (31/8) o nome do parlamentar escolhido que terá seu apoio na sucessão.
Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, os deputados começaram a agir para unificar as candidaturas de Pereira e Antonio Brito (PSD-BA) para fazer frente ao nome do líder do União Brasil após sinalizarem que Lira deveria apoiá-lo.
Segundo relatos, Pereira pediu a Brito e Kassab que o partido se retirasse da disputa e o apoiasse, o que ambos recusaram.
Na conversa desta sexta, segundo relatos, Kassab disse não ver motivo para seu vice abandonar a luta, por considerá-lo competitivo. Há uma avaliação de que hoje Brito recebe apoio de parlamentares de diversos partidos, inclusive de representantes com pouca expressão, por ter bom trânsito na Câmara.
Ele também é próximo de integrantes do governo Lula (PT) e mantém diálogo com representantes da direita.
Pereira indicou aos deputados que não pretende desistir da disputa, o que pressiona a escolha do presidente da Câmara. A tendência, com o cenário atual, é que Lira indique Elmar como seu candidato.
Deputados de outros partidos ainda devem procurar Kassab nesta sexta para tentar convencê-lo a desistir da candidatura de Brito e apoiar Pereira. Havia a expectativa de que a própria presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), ligasse para Kassab para esse fim.
A falta de consenso em torno do líder do União Brasil, porém, é um problema para Lira, que não tem garantias de que será eleito – o alagoano já disse a aliados que tem preocupações com a viabilidade da candidatura de Elmar.
A aposta de setores do PT e de outros partidos contrários a Elmar é que mais tarde o próprio presidente da Câmara possa rever sua decisão. Ou, em outro cenário, correrá o risco de ver Elmar derrotado, ora por Brito, ora por Pereira.
Lira chegou a fazer declarações públicas nesse sentido. Em entrevista à CNN Brasil em julho, ela afirmou que definiria um nome em agosto para que houvesse “tempo de sobra para que possíveis correções, ajustes, união acontecessem”.
Segundo relatos, nesta semana, Lira indicou a Marcos Pereira que, caso ele e Brito se unissem, poderia apoiá-los, em detrimento de Elmar. Tanto Brito quanto Pereira fazem parte do mesmo bloco partidário na Câmara, com 147 deputados do PSD, Republicanos, MDB e Podemos.
Líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões Jr. (AL), também é pré-candidato à disputa e integra o bloco. Nos bastidores, os parlamentares dizem que há uma tendência a uma eventual unificação do grupo, mas que isso deverá acontecer numa segunda fase – há quem até aposte que isso só acontecerá num possível segundo turno da disputa.
Uma primeira conversa sobre o tema aconteceu nesta terça-feira (27/8) na casa de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, em Brasília, e reuniu os três candidatos do bloco. Lá, porém, não houve sinais de retirada.
Elmar, por sua vez, é o líder do maior bloco da Câmara, que reúne 161 deputados dos partidos União Brasil, PP, PDT, Avante, Solidariedade e PRD. A tendência é que, com a aprovação de Lira, ele consiga garantir o apoio desses partidos.
Hoje, conta com sinalizações de parlamentares do PSB, depois que o União Brasil apoiou a reeleição de João Campos (PSB) para a Câmara Municipal do Recife, e com indicação de apoio do PDT.
Nos bastidores, os líderes Hugo Motta (Republicanos-PB) e Doutor Luizinho (PP-RJ) também são lembrados como opções para atrair mais apoios. Segundo relatos, Lira prefere o nome de Motta, pois o considera um parlamentar em quem confia e vê maior unanimidade em torno de seu nome.
Ao longo das conversas desta semana, interlocutores voltaram a contatar Pereira sobre a possibilidade de ele desistir em favor de Motta – o que foi rejeitado. Publicamente, o líder republicano afirma que apoiará Pereira.
Marcos Pereira já sinalizou que, caso seja eleito presidente da Câmara, entregará a presidência do partido a Motta.
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