Projeto cria protocolo para obrigar gestores escolares a notificar pais e autoridades em casos de bullying – Notícias

Projeto cria protocolo para obrigar gestores escolares a notificar pais e autoridades em casos de bullying – Notícias


28/08/2024 – 10:41

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Gilvan Máximo, autor da proposta

O Projeto de Lei 1367/24 pune gestores educacionais que omitirem ou negligenciarem casos de bullying escolar. O texto cria um protocolo para obrigar professores, diretores e demais funcionários escolares a notificarem a coordenação pedagógica sobre a prática de bullying.

Pela proposta, a coordenação pedagógica deverá montar um banco de dados sobre os casos de bullying e cyberbullying realizados no ambiente escolar com as seguintes informações sobre a criança vítimas de bullying e o agressor:

  • etnia;
  • idade;
  • gênero;
  • violência sofrida;
  • localização da violência;
  • se pertencem à mesma classe;
  • série escolar; e
  • perfil socioeconômico.

Aviso aos pais
O projeto obriga ainda a coordenação pedagógica a notificar, presencialmente ou através de videochamada, tanto os pais ou encarregados de educação da criança vítima de bullying ou cyberbullying como os da criança autora da violência.

Em caso de reincidência, o texto determina que o conselho tutelar seja acionado para acompanhar o caso.

Nos casos de racismo, homofobia, xenofobia e discriminação contra pessoas com deficiência, além de notificar os pais da vítima e do agressor, e o conselho tutelar, a escola deverá registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil.

O projeto proíbe a coordenação pedagógica e demais profissionais que atuam na escola de desencorajar a vítima e seus familiares de avançar com queixa à polícia ou à justiça.

Punição
Caso os gestores escolares não notifiquem os pais e órgãos competentes, poderão incorrer no crime de omissão, previsto no Código Penal. A pena será dobrada se a omissão resultar em lesão corporal; e triplo, se resultar em morte, estupro ou morte por automutilação.

O autor do projeto, deputado Gilvan Máximo (Republicanos-DF), afirma que a normalização do bullying pela sociedade brasileira ainda faz parte de uma cultura que tenta minimizar o sofrimento de crianças e adolescentes no Brasil. “Em muitos casos, os pais nem sequer são notificados de que os seus filhos estão a cometer este tipo de violência contra outros estudantes”.

O deputado lembra o caso de um menino de 13 anos, vítima de bullying, que morreu após ser agredido por alunos da escola onde estudava, em Praia Grande (SP). “[O pai da vítima] disse que procurou a administração do
ensinando, mas foi desprezado na hora.”

O parlamentar afirma que o projeto busca punir a omissão de quem deveria ter “tomado decisões que pudessem evitar o agravamento da violência”. Máximo alerta ainda que o bullying pode causar ansiedade, depressão, abandono escolar, automutilação e suicídio.

Próximas etapas
O projeto, que está tramitando em caráter conclusivoserão analisados ​​pelas comissões de Educação; Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; Seguridade Social, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família; Finanças e Fiscalidade; e Constituição e Justiça e Cidadania. Para virar lei, o texto precisa ser aprovado pela Câmara e pelo Senado.

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Edição – Natalia Doederlein



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