Governo aponta redução de 92% de novas áreas de garimpo na Terra Indígena Yanomami – Notícias

Governo aponta redução de 92% de novas áreas de garimpo na Terra Indígena Yanomami – Notícias


27/08/2024 – 18:34

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Deputado Dorinaldo Malafaia (C) preside debate

O diretor da Casa do Governo em Roraima, Nilton Tubino, disse na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (27) que a abertura de novos garimpos na Terra Indígena Yanomami diminuiu quase 92% desde 2022. Além disso, houve uma redução de 66%. redução da mineração ativa este ano neste território: em março, a mineração estava ativa em 4.570 hectares e, em agosto, em apenas 1.557 hectares. O território Yanomami abrange 9,6 milhões de hectares entre os estados do Amazonas e Roraima e abriga mais de 27 mil indígenas, segundo o Censo 2022.

Tubino foi um dos seis representantes entrevistados pela subcomissão especial que acompanha a crise humanitária dos Yanomami e Ye’Kwana na região Norte. O colegiado é vinculado à Comissão da Amazônia e dos Povos Originais e Tradicionais da Câmara.

Ações governamentais
Nilton Tubino listou uma série de ações governamentais para combater a crise humanitária, incluindo a instalação da Casa do Governo em Roraima –
estrutura física federal no estado criada este ano para acompanhar a situação.

Tubino também citou a edição da Medida Provisória (MP) 1.209/24, que abriu crédito extraordinário de R$ 1 bilhão para combater a crise. A MP já foi aprovada pelos parlamentares e se tornou a Lei 14.922/24.

Destruição de infraestrutura
Diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​(Ibama), Jair Schmitt destacou que as estratégias de combate à mineração na Terra Indígena Yanomami incluem o bloqueio do abastecimento dos garimpeiros e a apreensão e destruição de infraestruturas utilizadas pelos invasores, como aeronaves, barcos, tratores, armas e mercúrio.

Houve também a destruição de pistas de pouso clandestinas utilizadas pelos garimpeiros e ações junto às redes de distribuição e postos locais para impedir o fornecimento de combustível a eles.

Além disso, o Ibama emitiu 146 autos de autuação ambiental no território entre 2023 e 2024 e aplicou mais de R$ 42,8 mil em multas.

Schmitt destacou ainda a redução de 85% na área desmatada para mineração na Terra Indígena Yanomami entre 2021 e 2023.

Contratação de médicos
O secretário de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba afirmou que, no início do governo Lula, havia sete estabelecimentos de saúde indígena fechados em terras Yanomami. Isto deixou mais de 5.200 indígenas sem acesso aos serviços de saúde e causou uma escassez generalizada de medicamentos e de profissionais.

Entre as iniciativas tomadas pelo governo, ele citou a reabertura desses estabelecimentos e o aumento da força de trabalho nos territórios.

No início de 2023, segundo Tapeba, havia apenas 690 profissionais de saúde atuando na região, incluindo apenas quatro médicos. Hoje são 1.497 funcionários – um aumento de 116,9% no número de profissionais – dos quais 44 são médicos. E o A intenção do Ministério da Saúde é, até o final do ano, ter 80 médicos contratados.

Weibe Tapeba disse que a Sesai tem atualmente o maior orçamento de sua história – mais de R$ 2,7 bilhões – e comemorou a redução de 33% no número de mortes no território Yanomami de janeiro a março de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023.

Inversão de quadros
O deputado Dorinaldo Malafaia (PDT-AP), que propôs a realização da audiência, disse que o objetivo do debate foi justamente fazer um balanço da atuação do governo Lula no território. Ele atribui as causas da crise humanitária Yanomami ao desmonte de políticas públicas e ao incentivo ao garimpo ilegal durante o governo Bolsonaro.

“Temos certeza de que as principais causas que estão relacionadas a esta crise têm a ver com a destruição dos cuidados de saúde indígenas, a invasão de garimpeiros, causando impactos na saúde e no meio ambiente”, disse Malafaia, destacando que a mineração contamina a água, destrói habitats e aumenta a circulação de doenças como gripe, pneumonia e malária.

“Aqui há uma inversão do que foi apurado em 2023, há um saldo positivo”, acrescentou. Ele informou que encaminhará os dados para comissão externa da Câmara que também acompanha a crise humanitária do povo indígena Yanomami e que, segundo ele, até o momento não ouviu falar dos órgãos oficiais do governo brasileiro sobre o tema.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

A deputada Célia Xakriabá também apelou ao combate à violência sexual contra meninas

Suporte de verdade
A deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) comemorou o anúncio do Ministério da Educação, na semana passada, sobre a destinação de R$ 32 milhões para a construção de escolas no território e ressaltou a necessidade de coibir a violência sexual contra Meninas e adolescentes Yanomami, cometidas por garimpeiros em Roraima.

“Uma das coisas que mais me chamou a atenção, como parlamentar indígena, na época em que visitamos a Casai [Centro de Referência em Saúde Indígena Yanomami]é a quantidade de violência sexual cometida contra meninas Yanomami, o que não teria ocorrido se essas meninas estivessem na escola. Ninguém fala sobre isso”, observou ela.

Projeto na Câmara
Célia Xakriabá também defendeu a aprovação, pelos parlamentares, de projetos que efetivamente ajudem os povos indígenas, como o
PL 4347/21, que transforma em lei a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas, atualmente regida por decreto (Decreto 7.747/12).

O projeto, que visa garantir maior segurança jurídica a esta política, foi aprovado recentemente pela Comissão de Meio Ambiente e agora está em análise pela Comissão da Amazônia.

“O mesmo Parlamento que se diz preocupado com a questão Yanomami também precisa estar conosco na origem desses problemas”, avaliou. “E não dá para se preocupar com a questão Yanomami e votar, por exemplo, a favor do marco temporal, contra o projeto da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial em terras indígenas”, criticou o deputado.

Ação conjunta
Secretária de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Sheila Santana concorda que a atuação do Poder Executivo não é suficiente para combater a crise humanitária no território Yanomami. Ela garantiu que o governo federal tem trabalhado diariamente para dar uma resposta eficaz à crise e promover o “estrangulamento logístico das organizações criminosas”. Mas também considera necessário o envolvimento dos poderes Legislativo e Judiciário, das organizações da sociedade civil e das instituições locais.

Ela pediu aos parlamentares a aprovação do Projeto de Lei 3.025/23, enviado pelo governo Lula à Câmara, que reformula as regras de comercialização e transporte de ouro no Brasil. A proposta, segundo Sheila Santana, é crucial para combater a mineração ilegal. “É o PL que vai controlar a origem, compra, venda e comercialização do ouro”, explicou.

Segurança alimentar
Secretário Nacional dos Direitos Territoriais Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas, Marcos Kaingan informou que mais de 49 mil cestas básicas foram entregues ao território em 2024, por avião ou helicóptero, a fim de garantir a segurança alimentar e nutricional da população.

A composição das cestas foi pensada em diálogo com os indígenas para incluir alimentos mais adequados. Além disso, foi organizada a abertura de fazendas para garantir a produção de alimentos pelos indígenas.

A secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Rita Cristina de Oliveira, citou, entre as ações do Ministério no território, o mapeamento de lideranças indígenas ameaçadas e sua inclusão no programa de proteção aos defensores de direitos humanos, além da implantação do centro de defesa dos direitos Yanomami.

Relatório – Lara Haje
Edição – Natalia Doederlein



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