27/08/2024 – 17:42
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Deputado Padovani, relator da comissão
Na primeira reunião de trabalho, a comissão que acompanhará a investigação do acidente com o avião Voepass aprovou 13 pedidos. Entre eles, o convite ao chefe de investigação de acidentes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), Marcelo Moreno, para comparecer perante o colegiado. O representante do Cenipa será ouvido no dia 10 de setembro.
No dia 9 deste mês, um avião da empresa Voepass, que saía de Cascavel, no Paraná, com destino a São Paulo, caiu em Vinhedo, próximo à capital paulista, e deixou 62 mortos.
Entre os outros pedidos aprovados está o convite para que o presidente da Voepass, José Luiz Felício Filho, compareça à comissão. O diretor-executivo da empresa também deverá ser ouvido pelos parlamentares, da mesma forma que o CEO da Latam, Roberto Alvo. A comissão também solicitará acesso a um contrato de cooperação entre Voepass e Latam.
Representantes de outros órgãos envolvidos na investigação das causas do acidente também serão convidados a prestar declarações ao painel. Os deputados deverão ouvir representantes da Polícia Federal, além da defensora pública geral de São Paulo, Luciana Jordão de Carvalho, e do procurador-geral do estado, Paulo Sérgio de Oliveira Costa.
Transporte confiável
Relator escolhido, deputado Padovani (União-PR), de União do Paraná, reiterou que o objetivo do trabalho será entender as causas da tragédia e propor medidas para tornar a aviação brasileira ainda mais segura. Segundo o parlamentar, o transporte aéreo no Brasil já é um dos mais confiáveis do mundo, com uma morte para cada 80 milhões de passageiros nos últimos dez anos. Em todo o mundo, a taxa seria de uma fatalidade para cada 13 milhões de passageiros.
“Sim, queremos trazer investimentos para o Cindacta [Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo]para Anac [Agência Nacional de Aviação Civil]dar condições onde tenhamos aqui a formação de pilotos, com seus equipamentos de formação, para formação de mecânicos, para que haja ferramental, para que o Brasil continue sendo esse hub seguro da aviação aérea comercial”, disse.
O coordenador da comissão, deputado Bruno Ganem (Podemos-SP), também afirmou que o objetivo do grupo é “aprender com a tragédia” e sugerir políticas de investimento público para aumentar a segurança da aviação no país.
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Deputado Bruno Ganem, coordenador do colegiado
Punição
O deputado Kim Kataguiri (União-SP), apesar de concordar que o objetivo do grupo não deveria ser promover uma “caça às bruxas”, defende que um dos objetivos deveria ser garantir que os culpados sejam punidos.
“O que temos até agora, preliminarmente falando, são indícios na minha avaliação da negligência criminosa que levou a este acidente, incluindo um alerta de profissionais da própria companhia aérea de que já tinha falhas estruturais que poderiam levar a um acidente no futuro”, ele disse.
O deputado lembrou que não cabe ao parlamento investigar o acidente, mas sim dar o “peso político necessário” para que os investigadores possam fazer o confronto necessário. “Há pessoas poderosas que neste exato momento, na minha opinião, estão conduzindo uma verdadeira operação sigilosa em relação ao que vem acontecendo”, disse Kataguiri.
Plano de trabalho
A comissão também aprovou o plano de trabalho. Segundo Padovani, a intenção é apresentar o relatório final em fevereiro do próximo ano. Porém, destacou que, dependendo de questões jurídicas relacionadas ao seguro de vítimas, bem como da apresentação do relatório final pelo Cenipa, a conclusão da obra poderá sofrer atrasos. O Cenipa deve apresentar uma análise preliminar 30 dias após o início da investigação, mas, conforme explicou Padovani, tem até 18 meses para concluir a investigação.
Relatório – Maria Neves
Montagem – Roberto Seabra
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