Projeto do governo institui a Política Nacional de Cuidados – Notícias

Projeto do governo institui a Política Nacional de Cuidados – Notícias


26/08/2024 – 13h26

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Mulheres dedicam mais tempo a cuidados não remunerados

O Projeto de Lei 2.762/24, do Poder Executivo, cria a Política Nacional de Assistência. Em análise na Câmara dos Deputados, o texto foi apresentado em conjunto pelos ministérios do Desenvolvimento e Assistência Social, da Família e do Combate à Fome; das Mulheres; e Direitos Humanos e Cidadania.

A proposta é resultado de um grupo de trabalho interministerial (GTI-Care) que contou também com a participação de representantes de mais de 17 ministérios, além de membros de estados, municípios e acadêmicos.

O texto conceitua cuidado como o trabalho diário de produção de bens e serviços necessários à reprodução e sustentabilidade da vida, das sociedades e da economia, bem como de garantia do bem-estar das pessoas.

A Política Nacional de Atenção define como públicos prioritários:

  • crianças e adolescentes;
  • idosos e pessoas com deficiência que necessitam de assistência para realizar atividades básicas e instrumentais da vida diária; e
  • trabalhadores de cuidados remunerados e não remunerados.

Corresponsabilidade
Segundo o governo, o projeto de lei inova ao reconhecer a importância da corresponsabilidade social e de gênero nas tarefas de cuidado, além de reconhecer a interdependência entre quem precisa de cuidados e quem cuida.

“São as famílias, e especialmente as mulheres, as responsáveis ​​desproporcionalmente pela prestação de cuidados no país”, destaca a justificação do projeto.

“O projeto de lei é marcado por uma preocupação que envolve, de forma central e inovadora, a garantia de trabalho digno para os trabalhadores de cuidados remunerados e a valorização, redistribuição e redução do trabalho de cuidados não remunerado, possibilitando a liberação de tempo das mulheres”, continua o documento que acompanha o projeto.

Pela proposta, a Política Nacional de Cuidados será atribuição do Estado, incluindo a União, os estados, o Distrito Federal (DF) e os municípios, em corresponsabilidade com as famílias, o setor privado e a sociedade civil. Historicamente, o Estado teve apenas um papel subsidiário neste domínio.

Plano Nacional de Cuidados
Pela proposta, o Poder Executivo Federal deverá elaborar periodicamente o Plano Nacional de Assistência, no qual serão estabelecidas ações, metas, indicadores, instrumentos, prazo de validade e revisão, órgãos e entidades responsáveis.

O plano deverá ser implementado de forma intersetorial, descentralizada e coordenada, com a participação da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. Os entes federados poderão celebrar convênios com entidades públicas e privadas, sem fins lucrativos, para o desenvolvimento e execução de projetos incluídos no Plano Nacional de Assistência.

A Política Nacional de Assistência será financiada por dotações orçamentárias do Orçamento Geral da União destinadas aos órgãos administrativos e entidades participantes do plano; recursos destinados por órgãos e entidades da administração pública estadual, distrital ou municipal; e doações.

Quem se importa mais
Ao apresentar a proposta, o governo cita dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-c) do IBGE, segundo os quais, em 2022, as mulheres dedicavam, em média, 21,3 horas semanais aos trabalhos domésticos e de cuidado não remunerados enquanto os homens dedicavam 11,7 horas. horas.

“As mulheres mais pobres passam mais tempo a realizar trabalhos domésticos e de cuidados não remunerados do que as mulheres com rendimentos mais elevados”, afirma o documento que acompanha o projeto. “E a intensidade deste trabalho é maior entre as mulheres negras e aquelas que vivem em territórios que têm menos serviços e equipamentos de cuidados de saúde, tanto nas zonas rurais como nas periferias das grandes cidades.”

“A pobreza temporal é, neste sentido, uma realidade que se impõe no quotidiano das mulheres”, afirma o texto do governo. Segundo a Pnad-c, em 2021, 30% das mulheres em idade ativa não procuravam emprego devido às responsabilidades com os filhos, outros parentes ou tarefas domésticas. Entre os homens, essa proporção era de 2%”, acrescenta.

E esta realidade atinge mais fortemente as mulheres negras: 32% delas não conseguiram ingressar no mercado de trabalho devido a responsabilidades de cuidados, enquanto para as mulheres brancas esta percentagem foi de 26,7%.

O tempo despendido em atividades assistenciais impacta as trajetórias educacionais e de formação profissional, a inserção no mercado de trabalho e na vida pública, comprometendo as possibilidades de geração de renda e autonomia econômica e contribuindo para a reprodução da pobreza e das desigualdades sociais.

Envelhecimento populacional
O governo aponta ainda que o apelo à crise assistencial se intensificou, o que indica que a atual organização dos cuidados é insustentável.

Entre os elementos desta crise está o processo de envelhecimento da população no Brasil, com projeções indicando que a população com 60 anos ou mais deverá dobrar nos próximos 20 anos (de 15% para cerca de 30%). A população com 80 anos ou mais deverá triplicar no mesmo período (passando de 2,3% para 7% da população).

Processamento
O projeto ainda será distribuído aos comitês pelo Conselho de Administração. Projeto de Lei 5791/19, do deputado licenciado, já tramita na Câmara Leandro (PR)que também institui a Política Nacional de Cuidados.

Relatório – Lara Haje
Edição – Natalia Doederlein



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