21/08/2024 – 18:14
Cláudio Kbene/PR
Cerimônia de assinatura do Pacto pela Transformação Ecológica entre os três poderes, no Palácio do Planalto
Os presidentes dos três poderes assinaram nesta quarta-feira (21), no Palácio do Planalto, o Pacto pela Transformação Ecológica. É a primeira vez que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário se unem em torno da agenda ambiental, com a previsão de medidas administrativas, legais e judiciais para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. O pacto está organizado em três eixos prioritários: ordenamento territorial e fundiário, transição energética e desenvolvimento sustentável com justiça social, ambiental e climática.
O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que as medidas são resultado da maturidade democrática do Brasil e refletem a “convergência para a transformação necessária e urgente” e a liderança global do país nas questões climáticas. “Este não é um plano ambiental isolado, mas uma proposta de reformulação do nosso modelo de desenvolvimento económico, que considera todos os aspectos da relação entre a sociedade e o ambiente. Este pacto sinaliza que o desenvolvimento que buscamos não é apenas uma política de governo, mas uma política de Estado perene e inclusiva.”
Agenda verde
De acordo com o pacto, o Executivo deve ampliar o financiamento e reduzir o custo do crédito para setores, projetos e práticas ambientalmente sustentáveis. O Legislativo priorizará as regulamentações do marco legal do mercado de carbono (PL 2148/15), energia eólica offshore (PL 11247/18) e combustíveis do futuro (PL 4516/23), já aprovado na Câmara dos Deputados e ainda em análise no Senado.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), citou o avanço da chamada “agenda verde” na Câmara, com foco na proteção do meio ambiente e na substituição de fontes de energia poluentes por fontes renováveis. No início deste mês, o Lei 14.948/24 para incentivar a produção de hidrogénio com baixo teor de carbono. “A coerência entre os compromissos agora assumidos e o que já estava a ser feito é um factor que aumenta a credibilidade do pacto. Isso mostra que esse ato é uma agenda que já está sendo implementada, pronta para avançar mais rápido”, afirmou.
Para Lira, a “agenda verde” fortalece o país para liderar os debates internacionais. “Neste contexto, devemos continuar a lutar contra o protecionismo comercial disfarçado e a imposição de metas desequilibradas aos países em desenvolvimento.”
Em seu discurso, o presidente da Câmara destacou ainda os avanços no Programa Nacional do Bioquerosene, no Marco Legal da Microgeração e Minigeração Distribuída, na emenda constitucional sobre aumento da competitividade dos biocombustíveis e no Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover). “A protecção ambiental, a geração de riqueza e a inclusão social estão, hoje, fortemente interligadas e devem continuar assim. Devemos dispor de nossos recursos naturais de forma responsável e inovadora, concebendo, produzindo e adotando tecnologias que certamente marcarão o futuro da economia mundial, rumo ao desenvolvimento sustentável, em linha com o que estamos fazendo na transição energética do Brasil”, afirmou. .
Cláudio Kbene/PR
Barroso, Pacheco, Lula e Lira durante assinatura do pacto
Para o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, “o consenso institucional sobre questões ambientais é um passo sólido em direção a novas normas e padrões de conduta”. “O pacto fortalece a posição do Brasil como líder em segurança ambiental, climática e alimentar. Esta é uma iniciativa histórica, fruto de um alinhamento baseado no espírito público e na responsabilidade com as gerações futuras”, afirmou Pacheco.
Direitos humanos
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, disse que o Judiciário entende o meio ambiente como uma questão de direitos humanos e destacou a necessidade de superar a omissão do Estado. “Trata-se de superar o negacionismo: ainda há muitas pessoas que não acreditam que temos um problema real que afeta a humanidade. Dentro do Judiciário, priorizaremos ações ambientais, ações fundiárias e desenvolveremos um grande programa de descarbonização para o Judiciário.”
O Pacto de Transformação Ecológica entre os três poderes prevê 26 medidas, que serão monitoradas por um comitê gestor conjunto. Há previsão de mudanças nos paradigmas económicos, tecnológicos e culturais que garantam o desenvolvimento do país com menor pressão sobre os recursos naturais.
Desde a Cúpula do Clima de Dubai (COP-28), o governo brasileiro articula o Plano de Transformação Ecológica, que será amadurecido até a COP-30, marcada para Belém (PA), no próximo ano. Eventos climáticos extremos recentes – como a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul e a seca histórica no Pantanal e na Amazônia – aumentaram o senso de urgência para as medidas.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Georgia Moraes
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