A disputa para prefeito de Belo Horizonte em 2024 mostra uma maior diversidade de perfis entre os candidatos em comparação com disputas eleitorais anteriores. Levantamento realizado pelo Estado de Minas, com base em dados de autodeclaração no cadastro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostra que houve avanços consideráveis na representação de gênero e racial.
Comparado aos anos anteriores, o cenário político da capital mineira indica um aumento na presença de candidatos que fogem do perfil tradicional predominante na política, historicamente dominado por homens brancos. A atual eleição apresenta maior inclusão, ainda que pequena, de mulheres e negros.
A disputa eleitoral deste ano tem 10 candidatos, dos quais metade (50%) dos candidatos se declararam “homens brancos”, enquanto homens pardos e negros representam 10% cada – um candidato de cada grupo. O cenário também traz um pequeno avanço na representatividade feminina, com uma mulher negra, uma branca e uma parda – cada uma correspondendo a 10% do total – entre as candidatas deste ano.
Nas eleições municipais de 2020, a disputa em BH contou com 15 candidatos, sendo 12 homens, representando 80% do total, enquanto apenas três eram mulheres. Embora o número de mulheres na disputa deste ano seja o mesmo, a sua representação proporcional é menor em relação ao número total de candidatas.
Nas eleições municipais de 2020, foram dez homens brancos, que representaram 66,7% dos candidatos, enquanto os pardos e pretos foram apenas um de cada grupo, correspondendo a 6,7% cada. Entre as mulheres, uma era parda, representando 6,7% dos candidatos, e duas eram brancas, correspondendo a 13,3%.
O cenário atual também representa uma evolução significativa em relação à prova de 2016, que contou com 11 candidatos. Naquele ano, o perfil dos candidatos a prefeito era ainda mais homogêneo, com oito homens brancos concorrendo às eleições, o que correspondia a 72,7% dos candidatos a prefeito de Belo Horizonte.
Para o cientista político Adriano Cerqueira, professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e do Ibmec, a diversidade entre os candidatos reflete a necessidade de adaptação dos partidos às regras eleitorais e o esforço para estimular a participação de diferentes grupos da sociedade na representação política. Na opinião de Cerqueira, embora as cotas eleitorais sejam aplicáveis especificamente às eleições proporcionais – para cargos legislativos como deputados e vereadores – elas também incentivam uma maior diversidade no cenário eleitoral como um todo.
“Acredito que o principal motivador é a adaptação à legislação eleitoral, que exige cada vez mais esta diversidade nas candidaturas. Claro que existe a motivação da própria liderança do partido que quer trabalhar esta questão, mas acredito que o maior motivador é mesmo o questão da legislação”, analisa o cientista político.
Cerqueira destaca também o papel dos líderes políticos que têm se dedicado a incentivar uma participação mais diversificada no processo eleitoral. “Há, por exemplo, lideranças femininas que ocorrem a nível nacional, com o objetivo de mobilizar e aumentar a participação feminina nas eleições. Vale lembrar aqui a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que é presidente do PL Mulher, e que está percorrendo o país visando justamente aumentar o nível de participação feminina nas eleições municipais em todo o Brasil”, pontua.
orientação sexual
Este ano, pela primeira vez na história, os candidatos também poderão indicar a orientação sexual, se assim o desejarem, no momento do registo na Justiça Eleitoral. Os prefeitos também podem identificar, além do tradicional masculino/feminino, sua identidade de gênero: cis, grupo que se identifica com seu gênero de nascimento, ou trans, que se identifica com gênero diferente de seu nascimento. “Os candidatos poderão manifestar interesse em ter sua orientação sexual divulgada em informações públicas relativas ao registro de candidatura, caso em que será disponibilizado campo específico para coleta dos dados e autorização de sua divulgação”, diz trecho da resolução que trata do inscrição de candidatos às eleições. Este ano, a disputa eleitoral em BH traz um candidato que se define como bissexual e um candidato que se identifica como transexual.
CANDIDATOS PBH
COMO VOCÊ SE DECLARA NO TSE
Bruno Engler – PL Masculino, branco
Carlos Viana-Podemos Homempardo
Duda Salabert – PDT Mulherbranca
Fuad Noman – PSD Homembranco
Gabriel Azevedo – homem branco do MDB
Indira Xavier – UP Mulhernegra
Lourdes Francisco – PCO Mulherparda
Mauro Tramonte – República. homem branco
Rogério Correia – PTHomembranco
Wanderson Rocha – PSTU Homem Preto
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