14/08/2024 – 22h51
• Atualizado em 14/08/2024 – 23h
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Marussa Boldrin: projeto apoia produtores que enfrentam dificuldades por excesso de chuvas
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (14) projeto de lei que suspende por 48 meses o pagamento de parcelas de crédito rural tomado por produtores de regiões afetadas por secas ou enchentes, mesmo sem estado de calamidade reconhecido pelo Executivo federal. O assunto será enviado para sanção presidencial.
De autoria do Senado, o Projeto de Lei 397/24 recebeu parecer favorável da relatora, deputada Marussa Boldrin (MDB-GO). Ela esclareceu que o projeto apoia produtores rurais que enfrentam dificuldades financeiras decorrentes de secas prolongadas ou excesso de chuvas neste ano.
“Ao permitir a ampliação do financiamento rural, o projeto proporciona um alívio financeiro essencial aos produtores que sofrem com perdas de produção. A medida permite que agricultores e pecuaristas mantenham suas operações, preservem empregos e continuem contribuindo para a segurança alimentar local e nacional.”
A proposta permite a prorrogação do pagamento das parcelas vencidas ou vencidas das operações de crédito rural contratadas nos anos de 2022 a 2024 por produtores de regiões com estado de calamidade ou situação de emergência reconhecida pelo município, Distrito Federal, governo estadual ou federal em razão de de seca extrema ou seca ou inundações.
Porém, o texto não vincula o estado de calamidade decretado pelo município ou estado ao seu reconhecimento pelo governo federal, condição normalmente adotada por se tratar de recursos da União.
Um regulamento regulamentará as regras, critérios, condições e procedimentos para formalizar a suspensão de pagamentos.
Serão cobertos financiamentos e empréstimos dos seguintes programas, fundos ou bancos:
- Programa de Incentivo à Irrigação e Produção em Ambiente Protegido (Moderinfra);
- Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agrícola (Inovagro);
- Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agrícola (Prodecoop);
- Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf);
- Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp);
- Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO);
- Programa de Capitalização de Cooperativas de Produção Agropecuária (BNDES Procap-Agro);
- BNDES Agro;
- BB Investe Agro;
- financiamento de pecuária;
- Sicoob Crédito Rural;
- Banco da Amazônia (Basa);
- Caixa Econômica Federal;
- Banco do Brasil.
Procedimentos
Instrução normativa (IN 36/20), do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, regulamenta procedimentos para o governo federal reconhecer o estado de calamidade pública ou situação de emergência em estados e municípios, como análise de relatórios da Defesa Civil, correlação de assistência solicitada com os fatos relatados e relato fotográfico das áreas afetadas.
Nos casos em que o estado de calamidade pública for reconhecido pelo governo federal, o Conselho Monetário Nacional (CMN) regulamenta as condições de renegociação do crédito rural, de acordo com os deveres definidos na lei 4.829/65.
Para o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), a decisão de votar o texto sem alterações tem base política. “O projeto amplia o benefício para todas as hipóteses sem reconhecimento da Defesa Civil federal. Por ser ilegal, o texto será vetado e a extrema direita dirá que o governo vetou um projeto tão importante. E no final isso só prejudica a agricultura familiar”, disse o deputado Glauber Braga.
Municípios
Deputados das bases do governo e da oposição manifestaram preocupação com o dispositivo que permitiria aos municípios declarar estado de calamidade. “Isso vai prejudicar a agricultura, porque os bancos não vão querer emprestar dinheiro para cidades que sofrem com seca ou chuvas fortes”, alertou Gilson Daniel (Pode-ES). “Antes do decreto municipal, é necessário que a situação de calamidade seja reconhecida pelas defesas civis”.
Benes Leocádio (União-RN) teme questões jurídicas sobre decretos municipais de estado de emergência. “É importante que o Parlamento aprove legislação que traga segurança jurídica”, defendeu.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) alertou para a possibilidade de fraude no estado de calamidade. “Há uma interpretação de que não sabemos o que é seca extrema ou chuva excessiva. Por que há tanta resistência do governo federal e da Defesa Civil em estabelecer as condições de calamidade? em si”, questionou.
O deputado Luiz Gastão (PSD-CE) lembrou que muitas vezes os produtores perderam a colheita e tiveram que continuar pagando empréstimos sem condições. “A demora na resolução desta prorrogação faz com que ele fique negativado e passe por vários outros constrangimentos por ter arriscado o seu capital e trabalho na agricultura”, comentou.
O deputado José Rocha (União-BA) destacou que o projeto não perdoava dívidas. “Aqui pedimos apenas que o agricultor tenha condições favoráveis para saldar as suas dívidas com nova produção que possa ser colhida. E depois reembolsar a dívida pela produção perdida devido ao problema climático”, explicou.
Reportagem – Eduardo Piovesan e Francisco Brandão
Edição – Georgia Moraes
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