14/08/2024 – 18:11
Renato Araújo/Câmara dos Deputados
Ministro discursou na Comissão de Minas e Energia da Câmara
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou em audiência pública na Câmara que o setor elétrico foi reorganizado com a recente quitação de dívidas da conta Covid e da conta escassez hídrica, de R$ 23 bilhões. O debate foi promovido pela Comissão de Minas e Energia.
A conta Covid foi criada durante a pandemia da Covid-19 para facilitar uma operação financeira que aliviasse o fluxo de caixa das distribuidoras de energia. O empréstimo contratado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) teve como objetivo garantir a liquidez do setor minimizando os impactos da redução do consumo e do aumento da inadimplência. Já o A conta de escassez hídrica foi criada devido à falta de chuvas entre 2020 e 2021, que obrigou as empresas a contratar energia termelétrica mais cara. Os impactos tarifários para o consumidor foram postergados e distribuídos por 60 meses.
“Esses itens, que estão na conta de energia, não existirão mais e, portanto, teremos entre 3% e 10% de redução na conta de energia. Lembrando que esse recurso só pode ser utilizado para tarifas baixas, apenas para consumidores regulados, que recebem a conta de energia das distribuidoras em casa, e não dos do mercado livre”, lembrou.
Óleo
O ministro destacou ainda o resultado do quarto leilão de petróleo da União, disputado por sete empresas, no qual a Pré-Sal Petróleo vendeu, na Bolsa de Valores de São Paulo, 37,5 milhões de barris de petróleo da produção 2025 de Campos da União. de Mero e Búzios. A estimativa é de R$ 17 bilhões em doze meses, a partir de abril do ano que vem.
“Esperávamos arrecadar R$ 13 bilhões para o fundo social – para poder apoiar nossa saúde, educação e ajudar nas contas públicas – a partir desses leilões. Arrecadamos R$ 17 bilhões, recursos fundamentais para o Brasil, recursos que – defendo e espero convencer os parlamentares – devem ser utilizados fora do teto de gastos para que possamos impulsionar o setor energético nacional”, disse Alexandre Silveira.
Concessão e distribuição
O deputado Hugo Leal (PSD-RJ) questionou o ministro sobre os próximos passos do governo em relação aos parâmetros para renovação da concessão de distribuição de energia, previstos no Decreto 12.068/24publicado naquele ano – a mesma pergunta feita pelo deputado Max Lemos (PDT-RJ). Hugo Leal também manifestou preocupação com o papel dos estados e municípios no cumprimento dos contratos de concessão.
“Quem sofre as consequências, quem conhece a realidade são os estados e os municípios. Essa é uma excelente oportunidade que a gente tem, que o ministério tem, que a agência tem. Não queremos uma mudança no princípio constitucional, da preservação, da autonomia da União para fazê-lo, mas na participação dos investimentos, na participação na avaliação, na participação, inclusive, na fiscalização”, disse o deputado.
O ministro respondeu que os estudos estão em curso e é cedo para dizer se haverá renovação ou novos concursos.
O ministro disse que os planos de investimentos até 2027 entregues pelas 17 distribuidoras somam R$ 58,6 bilhões. Após o decreto, porém, entregaram planos no valor de R$ 115,9 bilhões. Alexandre Silveira acredita que o papel das agências reguladoras no Brasil precisa ser redefinido. Segundo ele, há um descompasso de interesses entre o governo que venceu as eleições e os órgãos reguladores do Brasil.
“Há até boicote do governo. As agências reguladoras foram escolhidas pelo governo anterior. E, infelizmente, estamos passando por um momento muito crítico na execução das nossas políticas, o que reduziu o dinamismo do meu ministério e dos outros ministérios que têm agências reguladoras”, reclamou.
No âmbito do Ministério de Minas e Energia, existem três órgãos. Além da Aneel, há a ANM, para mineração e a ANP, para petróleo, gás e biocombustíveis. Ele afirma que as agências não regulamentam os decretos em prazo razoável. Para ele, isso representa uma distorção institucional.
Usina Angra
O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) questionou sobre a conclusão das obras da usina nuclear Angra 3.
“Pareceu-me que a Eletrobrás tem obrigações com Angra 3. A Eletrobrás está comprometida em concluir a conclusão de Angra 3 com a sua parte e participação. O Brasil tem interesse em recuperar a gestão nuclear”, afirmou o deputado.
Segundo o ministro, existe um estigma injustificável em relação à energia nuclear. Para ele, a decisão de construir Angra 3 foi tomada há muito tempo e nenhum governo tem o direito de enterrar os R$ 20 bilhões de reais já investidos naquele projeto.
“Estamos tendo a prudência de aguardar os estudos do BNDES. Vou ter que submeter isso ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que é um fórum qualificado de 16 ministros de estado.”
Segundo o ministro, Angra 3 fortalecerá a cadeia de mineração do urânio. Em junho, o ministro já tinha vindo à Câmara fazer um balanço do trabalho desenvolvido pelo departamento. Na época, ele disse que a Eletronuclear só voltará a pagar suas dívidas com as prefeituras do Rio de Janeiro se o governo concluir que a usina de Angra 3 é viável.
Reportagem – Luiz Cláudio Canuto
Edição – Ana Chalub
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