14/08/2024 – 17h01
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Glauber Braga: comissão vai pedir ao ministério abertura de canal de negociação
Representantes dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pediram nesta quarta-feira (14) o apoio dos deputados para negociar com o governo federal o fim da greve da categoria, que começou no dia 16 de julho e já dura 29 dias.
Pedem reajuste salarial, com incorporação de bônus ao salário base, realização de concurso público e melhores condições de trabalho. O debate interativo sobre a greve no INSS foi promovido pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados.
Após ouvir as reivindicações dos servidores, o presidente do colegiado, deputado Glauber Braga (Psol-RJ), sugeriu que, em até 24 horas, junto com os sindicatos, a comissão formalize um documento a ser enviado à ministra Esther Dweck , de Gestão e Inovação em Serviços Públicos. “O primeiro ponto é uma cobrança para que o ministério abra de fato um canal de negociação”, disse Braga.
Durante o encontro, representantes das categorias criticaram a terceirização de alguns serviços prestados pelo INSS e as condições de trabalho nas agências do órgão, apontando falhas nos processos de digitalização e informatização.
“Temos aqui três eixos: carreira, remuneração e condições de trabalho. Hoje temos um órgão sucateado. Os trabalhadores não têm equipamentos para trabalhar, a internet é lenta, os sistemas estão obsoletos”, disse Thaize Antunes, representante de São Paulo na Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores na Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps). “ E nós somos. Precisamos disso para realmente fazer um trabalho”, acrescentou.
Terceirização
“Temos dados de que foram gastos R$ 8 bilhões em terceirização. Esse valor poderia ser para valorização da nossa carreira, do nosso salário, estruturação das nossas agências e para concursos públicos”, disse Lídia de Jesus, da Fenasps da Bahia.
Cristiano Machado, da Fenasps de São Paulo, afirmou que o modelo de remuneração do INSS hoje “coloca uma faca no pescoço do servidor”, ao prever salário-base abaixo do salário mínimo e bônus que representam 80% da remuneração total.
Doença
Machado também relatou casos de adoecimentos de funcionários por excesso de trabalho e defendeu novas contratações para lidar com o volume de processos acumulados na agência.
“Todos aqui, que trabalham em agência ou trabalham à distância, sabem como é difícil matar um leão por dia, muitas vezes para conseguir analisar um processo. Não temos nem 85% da força de trabalho trabalhando, mesmo sem greve”, criticou.
Segundo o Ministério da Gestão e Inovação, a proposta apresentada à categoria prevê um ganho acumulado de 24,8% entre 2023 e 2026 para servidores e inativos. Os sindicatos, porém, exigem um aumento de 33% e continuam em greve.
Reportagem – Murilo Souza
Edição – Natalia Doederlein
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