Saiba quais serão os próximos passos das equipes que trabalham no local do desastre aéreo

Saiba quais serão os próximos passos das equipes que trabalham no local do desastre aéreo


No total, 62 pessoas morreram no maior desastre aéreo desde 2007. (Foto: Reprodução)

Com a conclusão da retirada dos corpos das 62 vítimas do desastre aéreo em Vinhedo (SP), a retirada dos motores e da cauda do avião para perícia, os próximos passos das equipes no local incluem o envio dos destroços ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que prevê relatório preliminar sobre as causas do acidente em até 30 dias.

Laís Marcatti, tenente do Corpo de Bombeiros, explicou que o trabalho da corporação foi encerrado após a retirada dos motores e cauda para uma área mais acessível, onde a empresa Voepass irá recolhê-los para envio à perícia.

Às 9h deste domingo (11), o Corpo de Bombeiros informou que as equipes concluíram a mobilização às 22h45 de sábado (10) e que os destroços permaneciam no local sob responsabilidade do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos ( Cenipa).

Os bombeiros recolheram os equipamentos no sábado, logo após os caminhões Voepass retirarem os motores do ATR-72-500. Após essa etapa, a área do acidente permanece fechada até que seja retirado todo o material da fuselagem encontrado na propriedade da casa.

O acidente

Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde o suporte que lhe permite voar —, segundo especialistas. A aeronave decolou às 11h56 e o ​​voo continuou tranquilamente até as 13h20. O avião subiu até atingir os 5 mil metros de altitude, às 12h23, e continuou nessa altura até às 13h21, altura em que começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar. Naquele momento, a aeronave fez uma curva acentuada.

Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), até às 13h21 a aeronave não atendeu aos chamados do Controle de Aproximação de São Paulo, nem declarou emergência ou relatou estar sob condições climáticas adversas. Às 13h22 – um minuto após o horário do último registro – a altitude era de 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4.000 metros. A velocidade desta queda foi de 440 km/h. O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o ‘Salvaero’ foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.

A aeronave caiu descontrolada e girou no ar, mostram vídeos gravados desde o momento do acidente, em aparente estol. A análise das caixas negras, que incluem o gravador de voz e o gravador de dados, é fundamental para ajudar a esclarecer o que aconteceu no voo 2283. As equipas que trabalham na tragédia encontraram “um desenho da aeronave no solo”. Segundo o Corpo de Bombeiros, o avião Voepass “caiu de bruços” no solo, apresentando a área da cabine mais preservada e com grande destruição por conta do incêndio do meio para a cauda.

Segundo capitão Maycon Cristo, porta-voz do Corpo de Bombeiros, as características dos destroços motivaram a realização de trabalhos de retirada das vítimas, começando pela cabine e terminando na cauda. Um fator que ajudou no trabalho de retirada dos corpos foi o terreno onde o avião caiu. O quintal da residência possui um amplo gramado, que favorece a movimentação de peças pesadas, permitindo o acesso aos corpos.

“O avião caiu no quintal desta residência, é um gramado grande. Podemos retirar os pedaços mais pesados, as coisas que estão obstruindo o alcance da vítima, podemos retirá-los do chão, há espaço para isso. Retire-o do local onde caiu e mova-o. Criamos uma área de armazenamento. O terreno plano e gramado, de certa forma, facilitou nosso trabalho”, completou o capitão.

O trabalho nos escombros envolveu equipes que já atuaram em tragédias como as enchentes no Rio Grande do Sul, o terremoto na Turquia e o temporal em São Sebastião (SP). Segundo o coronel Cássio Araújo de Freitas, comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, “a presença de homens e mulheres que já atuaram em outras tragédias garante a organização deste difícil trabalho”.

Investigação

A Polícia Civil informou neste sábado que o inquérito será aberto na delegacia de Vinhedo para apurar todos os fatos relativos ao acidente.

Delegado titular da 1ª Seção de Campinas, José Antônio Carlos de Souza destacou o trabalho de compartilhamento de informações entre todas as instituições envolvidas para minimizar o sofrimento dos familiares.

O superintendente da Polícia Federal, Rodrigo Sanfurgo, destacou que a PF utilizou seus melhores equipamentos e profissionais, e que só sairá de Vinhedo “quando a obra estiver concluída”.

“É difícil falar em prazo, mas podemos dizer que estamos trabalhando incansavelmente para concluir esse trabalho e confortar todas as famílias. Estamos dando todo o nosso esforço”, disse Sanfurgo.