Jornalista acusa candidato à Prefeitura de Brumadinho de agressão a socos

A campanha eleitoral começa no dia 16 de agosto, mas já há boletim de ocorrência envolvendo o candidato. O jornalista Ângelo Augusto de Souza Lima apresentou denúncia nesta quinta-feira (8/8) na qual acusa o candidato a prefeito de Brumadinho, na Grande BH, Guilherme Morais (PSD) e seu pai, Maurílio Morais, de tê-lo agredido com socos. Além disso, de acordo com o Boletim de Ocorrência registrado pela Polícia Militar (PM), a dupla, acompanhada de pelo menos sete pessoas, chutou o carro do jornalista e roubou dele um celular.

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Guilherme Morais nega a acusação do jornalista e diz ser a vítima do caso. “A informação é infundada”, diz ele. Segundo o candidato, a situação é de atropelamento. “Senhor. Ângelo, conhecido como Lolota [o jornalista]atropelou um servidor da Câmara de Brumadinho que protestava contra o impeachment do vereador Gabriel Parreiras, meu (candidato a) vice-prefeito”, disse ao repórter.

Segundo o Boletim de Ocorrência da Polícia Militar de Minas Gerais, o ataque ocorreu em frente à Prefeitura de Brumadinho, onde ocorria uma sessão em que o jornalista faria a cobertura. A reunião iria apurar denúncias de corrupção envolvendo o candidato a vice de Morais por emitir notas fiscais em favor de sua própria empresa de medicamentos. A sessão foi cancelada por causa de uma manifestação que ocupou a entrada do prédio e impediu a entrada de vereadores.

Na reportagem, o jornalista Ângelo Augusto relatou que, no momento do suposto atropelamento, estava cercado por manifestantes e sendo agredido verbalmente. O jornalista afirmou que teve medo de ser linchado e tentou sair do local o mais rápido possível, mas, segundo ele, o funcionário da Câmara deu socos e chutes em seu carro, no capô e no para-brisa, colocando-se na frente do veículo , o que o fez “puxar” para dentro do homem. “Não foi um atropelamento”, disse ele.

Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o carro de Ângelo é cercado, a porta do motorista é aberta e os ataques começam.

“Maurílio [usando blusa laranja] abriu a porta e Guilherme [que usava blusa preta] deu o primeiro soco. A porta ainda não estava trancada, pois meu carro só tranca as portas quando chego a 20km/h. Depois, Maurílio me deu um segundo soco, enquanto o grupo de pelo menos sete pessoas socou e chutou meu carro”, disse Ângelo.

O jornalista relata que seu carro, um Fiat Strada branco, está amassado em diversas partes, inclusive na porta torta. Ele afirma ainda que seu celular foi roubado por Guilherme, que levou o aparelho em meio à confusão.

Para o EMÂngelo Augusto afirmou que possivelmente necessitará de uma cirurgia oral, alegando que partiu dois dentes da frente “pela raiz”. Ele também diz que tem vários hematomas pelo corpo, inclusive no rosto. Após o incidente, ele foi levado para a UPA Brumadinho e, após receber atendimento, recebeu alta. “Não podemos deixar esta situação passar ilesa”, afirma o jornalista. “Foi muito constrangedor”, disse ele.

Acusado alega invenção

Procurado pela reportagem, o candidato a prefeito de Brumadinho, Guilherme Morais, afirmou que as denúncias são infundadas. “Muito pelo contrário, o senhor Ângelo atropelou um servidor da Câmara de Brumadinho”, destacou.

Ele afirma ainda nas redes sociais que a colisão foi uma “tentativa de homicídio”, sendo compartilhada uma fotografia do servidor público em cadeira de rodas.

O ex-prefeito de Brumadinho e presidente do PSD da cidade, Breno Carone, afirmou que a narrativa do jornalista foi criada pela oposição. Ele afirmou que, durante a confusão, o candidato do partido não estava presente, apenas seu pai, Maurilio, e alguns apoiadores. Ele afirma ainda que a causa da confusão foram ameaças do jornalista, que havia insultado o grupo antes da agressão coletiva contra ele.

Possível motivação pessoal

A vítima afirmou acreditar que as motivações das agressões foram pessoais. “As infrações são justificadas porque meu veículo (Jornal Circuito Notícias) e eu temos produzido matérias jornalísticas verificando fatos sobre as eleições em Brumadinho. Na terça-feira, Guilherme Morais divulgou uma pesquisa que a Justiça Eleitoral exigiu que ele retirasse porque a pesquisa não era verdadeira e não tinha registro”.

Ângelo diz que sua equipe escreveu uma reportagem sobre o pedido da Justiça Eleitoral e publicou online e acredita que os envolvidos cometeram ofensas pessoais ao não concordarem com a posição do jornal.

História de confusão

Não é a primeira vez que Guilherme Morais se envolve em agressões. Em setembro de 2023, o ex-vereador foi preso sob suspeita de atirar em uma pessoa durante uma discussão. Segundo a Polícia Militar ao portal G1, a vítima afirmou que o político estava flertando com a esposa, quando começou uma discussão. Nas redes sociais da época, o atual candidato a prefeito publicou um vídeo em que apresentava um pequeno hematoma no olho direito e dizia ter sofrido uma “tentativa de homicídio”.

Em março deste ano, o candidato do PSD foi acusado de abusar sexualmente de uma adolescente de 17 anos. A denúncia, em sessão na Câmara de Brumadinho, resultou na interrupção e agressão de um apoiador do depoente, que caiu no chão e continuou sendo agredido com socos. Devido à confusão, a Câmara Municipal recebeu um pedido de cassação do mandato de Guilherme, que reagiu com um pedido de renúncia, que teve efeito imediato.

*Estagiário sob supervisão do subeditor Humberto Santos