No final de junho, Lula ligou para o ditador da Nicarágua. Pretendia apelar a Daniel Ortega, que se diz de esquerda, pela libertação do bispo católico Rolando Álvarez. “Conversei com o Papa [Francisco] e me pediu para conversar com Ortega sobre o bispo”, disse em entrevista recente. “O fato concreto é que Ortega não atendeu meu telefone, não quis falar comigo.”
Lula não gostou e ordenou um discreto congelamento das relações com a Nicarágua. Nesta quarta-feira (8/7), o Itamaraty aguardava um pronunciamento sobre a expulsão do embaixador brasileiro em Manágua.
Quando o presidente do Brasil liga e o presidente da Nicarágua não atende, é óbvio que há desentendimento. Quando o representante diplomático brasileiro é expulso, é sinal de ruptura nas relações entre os países.
Breno de Souza Brasil Dias da Costa assumiu a embaixada do Brasil em Manágua nesta terça-feira, 16 de agosto de 2022, ainda no governo Jair Bolsonaro, quando Daniel Ortega já completava quinze anos no poder, sob o patrocínio dos regimes ditatoriais de Cuba e a Venezuela. Há duas semanas disseram-lhe que devia deixar o país.
Ortega está em seu quarto mandato consecutivo, feito alcançado ao prender, torturar e assassinar opositores. Nas últimas eleições, em Novembro de 2021, revogou a nacionalidade, identidade e passaporte de uma candidata da oposição, prendeu outros seis candidatos e também 130 dos seus apoiantes.
A fraude eleitoral de 2021 foi evidente. Oito em cada dez nicaragüenses não votaram, segundo a organização Urnas Abiertas, que calculou a abstenção média nacional em 81,5%. Por outras palavras, apenas dois em cada dez eleitores foram às urnas. E, entre estes, uma parcela significativa recusou-se a votar em Ortega para presidente e em sua esposa, Rosario Murillo, para vice. No resultado oficial, porém, o casal Ortega-Murillo obteve 70% dos votos.
Ele foi imediatamente comemorado pelo partido de Lula. Em declaração pública, o PT comemorou a eleição fraudulenta para um quarto mandato — sem concorrência — como expressão de uma “grande manifestação popular e democrática” dos seis milhões de nicaragüenses.
No Brasil, Lula se dedicou a criar uma “frente ampla” para as eleições do ano seguinte. Como a repercussão da manifestação petista foi negativa, ele orientou a direção do partido a recuar. A solução foi dizer que a nota de boas-vindas à continuação da ditadura na Nicarágua não tinha sido aprovada pela liderança do partido. Alguns petistas foram à posse de Ortega e receberam seus representantes na posse de Lula, um ano depois.
Em junho do ano passado, o apoio do governo Lula ao regime de Ortega foi contestado na assembleia anual da Organização dos Estados Americanos. Houve uma proposta para criticar a supressão das liberdades e a escalada da repressão na Nicarágua. A ambiguidade da posição brasileira foi percebida como uma manobra para “suavizar” a crítica coletiva à ditadura. Mais de 300 expatriados da Nicarágua protestaram contra o governo brasileiro na OEA.
Sob pressão, o governo Lula recuou. Ele concordou em questionar as violações dos direitos humanos na Nicarágua, conforme propunham os governos do Canadá, Costa Rica, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Chile. Fez uma ressalva: insistiu em manter abertos “os canais” de diálogo.
Um ano depois, Lula apostou nesse “canal”. Ela ligou para Ortega, que conhece e apoia desde os tempos antiimperialistas da década de 1980. O ditador zombou: não respondeu ao presidente e, na sequência, expulsou o embaixador brasileiro. O PT ficou em silêncio, nem sequer protestou em defesa do seu líder. E o governo hesita em reagir à ditadura da Nicarágua, bem como ao seu patrocinador na Venezuela.
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