08/06/2024 – 18:38
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Camila Jara, autora da proposta
O Projeto de Lei 2334/24 estabelece normas gerais de proteção e conservação do bioma Pantanal, unificando regras previstas nas leis estaduais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A proposta, da deputada Camila Jara (PT-MS), está em análise na Câmara dos Deputados.
“Devemos direcionar esforços para a urgente necessidade de garantir o respeito às populações indígenas, aos pantaneiros e às comunidades ribeirinhas, quilombolas e tradicionais”, defende Camila Jara.
O parlamentar lembra ainda que o bioma vem sofrendo graves impactos nas últimas décadas. “Os incêndios florestais devastaram mais de 26% do território em 2020, afetando 75 milhões de vertebrados e 7,5 milhões de invertebrados, segundo relatório do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)”, explica.
Diretrizes
O projeto delimita o bioma pela bacia do rio Paraguai, com o estabelecimento de diretrizes e objetivos para a proteção, restauração e uso sustentável do ecossistema. O Pantanal é reconhecido como a maior planície de inundação contínua do planeta e também foi declarado Reserva da Biosfera pela UNESCO.
Para impulsionar o desenvolvimento sustentável da região, o texto observa a proteção ambiental sob a perspectiva dos povos tradicionais do Pantanal, do homem pantaneiro e dos setores produtivos da região.
O projeto também determina a formulação de zoneamento ecológico-econômico do Pantanal, incluindo as demais áreas da bacia do Alto Paraguai. Entre outros pontos, o zoneamento deve observar a regularização fundiária; a criação de unidades de conservação, com meta de conservação de 30% do ambiente terrestre; o reconhecimento dos direitos territoriais das comunidades tradicionais e dos povos indígenas; e a organização de pólos industriais e de bioeconomia não poluentes.
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Combate a incêndios no Pantanal em junho de 2024
O texto também estabelece diretrizes para prevenir e controlar o desmatamento. Camila Jara propõe a criação de um programa de remuneração para reserva legal na bacia do Alto Paraguai, por meio da colaboração entre os Poderes Executivos federal e estadual, a fim de incentivar a criação de corredores de biodiversidade.
Para proteger o Pantanal, o projeto proíbe atividades como a construção de intervenções que impeçam o escoamento das águas, o cultivo de espécies exóticas de peixes, o plantio de cana-de-açúcar e o licenciamento ambiental de empreendimentos hidrelétricos em áreas restritas, exceto em casos de utilidade pública.
O projeto também fornece diretrizes sobre rotas de transporte, mineração, manejo de incêndios e incentivo ao turismo sustentável. Por fim, cria o Selo Pantanal de Sustentabilidade, para reconhecer pessoas físicas e jurídicas que conduzem ações de desenvolvimento sustentável, e reforça penas para infrações.
Em processamento
O projeto está em andamento em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões da Amazônia e dos Povos Originais e Tradicionais; Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Finanças e Fiscalidade; e Constituição e Justiça e Cidadania.
Para virar lei, a proposta precisa ser aprovada por deputados e senadores.
Saiba mais sobre o processamento de faturas
Reportagem – Noeli Nobre
Montagem – Pierre Triboli
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