No início da tarde deste sábado (3/8), a Terra Indígena (TI) Lagoa Panambi, localizada em Douradina, Mato Grosso do Sul, foi palco de um violento ataque que deixou 10 indígenas Guarani Kaiowá gravemente feridos. A denúncia foi feita pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Segundo Cimi, os ataques começaram imediatamente após a saída dos agentes da Força Nacional da área. Antes de deixar o local, os agentes teriam ameaçado um dos indígenas com a frase: “pega o seu povo e sai daqui ou você morre”. Os agressores chegaram em caminhonetes, armados com munições letais e balas de borracha. Dois indígenas foram gravemente baleados, um na cabeça e outro no pescoço, e foram levados junto com outros seis feridos graves para o Hospital da Vida, em Dourados.
O ataque ocorreu em uma das sete reintegrações de posse de terras na Lagoa Panambi, TI de 12,1 mil hectares identificada e delimitada pela Funai desde 2011, cuja demarcação está paralisada devido à tese de marco temporal em discussão no Congresso.
Ainda na denúncia sobre o ataque deste sábado, a Apib destacou a presença de muitas crianças e idosos no local, ao mesmo tempo que denunciou os contínuos ataques às retomadas Guaraní e Kaiowa, Kurupa Yty e Pikyxyin. “As reintegrações de posse estão sendo violentamente atacadas por ruralistas e bandidos. Há vários feridos e uma grande concentração de picapes ao redor da comunidade Yvy Ajere”, afirmou a organização em comunicado nas redes sociais.
Segundo o CIMI, a Defensoria Pública da União (DPU) se comprometeu a solicitar a exoneração do comando da Força Nacional em Mato Grosso do Sul. O CIMI contatou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério dos Direitos Humanos, o Ministério Público Federal (MPF) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que enviou duas ambulâncias para atender as vítimas.
Em nota publicada no site da instituição, o CIMI ressalta ainda que a Força Nacional informou à Coordenação Regional da Funai que os Guarani Kaiowá haviam avançado nas retomadas, mas uma equipe enviada ao local não confirmou essa informação, indicando que os indígenas permanecem nas mesmas áreas. Localizações.
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No X (antigo Twitter), Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, repudiou o ataque. “Os ataques perpetrados contra o povo indígena Guarani Kaiowás no Mato Grosso do Sul são gravíssimos. A Polícia Federal deve esclarecer os autores de tais crimes e levá-los à Justiça”, disse o ministro.
Outros episódios de violência
Esta não é a primeira vez que episódios de agressões como este acontecem. No dia 22 de julho, indígenas relataram que agricultores se reuniam para atacar integrantes do povo Guarani Kaiowá, no município de Douradina, no Mato Grosso do Sul. Segundo a organização Aty Guasu, que representa os povos indígenas, o conflito aumentou.
“Aty Guasu denuncia os agricultores que atacaram famílias indígenas e roubaram utensílios e objetos de famílias indígenas. Estão destruindo barracas ilegalmente e promovendo genocídio na recuperação de Panambi, Douradina. Os agricultores roubaram nossas terras, roubam nossos objetos e utensílios. Queremos justiça” , disse a organização, na época nas redes sociais.
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