FOLHAPRESS – O ministro do STF, Alexandre de Moraes, concedeu prisão domiciliar à empresária e falsa biomédica Grazielly da Silva Barbosa, investigada pela morte de Aline Maria Ferreira, após realizar procedimento estético no bumbum.
Grazielly estava presa desde 3 de julho. A defesa da empresária recorreu ao tribunal para que ela se deslocasse ao seu domicílio alegando que o arguido é arguido primário, tem residência fixa, tem uma filha de 9 anos que depende da mãe e está atualmente aos cuidados de uma tia enquanto permanece encarcerada, além de estar com os pais em tratamento de câncer maligno. Anteriormente, o Tribunal de Justiça de Goiás e o Superior Tribunal de Justiça rejeitaram o pedido, que foi parar no Supremo Tribunal Federal.
Moraes acatou o pedido da defesa por entender que a prisão domiciliar da empresária é “adequada” porque ela tem uma filha de 9 anos. “Tendo em conta estas particularidades, considero oportuna a substituição da prisão preventiva pela segregação domiciliar, por ser uma medida que se comprove, ao mesmo tempo, garantir a proteção da maternidade, da infância e do superior interesse do menor e também suficiente preservar a ordem pública, a aplicação do direito penal e a regular investigação criminal”, destacou o ministro na sua decisão.
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O ministro aplicou medidas cautelares que devem ser cumpridas pelo investigado. Moraes determinou que a empresária não pode sair de casa sem autorização judicial, sob risco de restabelecimento da prisão preventiva, “que poderá ser reordenada, a qualquer momento, caso surja situação excepcional que exija a adoção de medida mais grave”.
Grazielly é investigada por três crimes: por violar relações de consumo ao supostamente mentir e enganar clientes sobre sua qualificação profissional; por prática ilegal de medicina; por possível lesão corporal seguida de morte, no caso da morte de Aline Maria.
Entenda o caso
Grazielly foi presa no dia 3 de julho enquanto realizava um procedimento em outro paciente. Segundo a investigação, na época a empresária havia acabado de realizar uma sessão de limpeza de pele em uma cliente, além de fornecer informações sobre um procedimento de botox para a mulher.
Ela não estava autorizada a aplicar PMMA, produto que foi injetado na modelo morta. Embora fosse proprietária de uma clínica de estética e realizasse procedimentos que exigem conhecimento técnico na área da saúde, a empresária não possui a formação necessária. Segundo a investigação, ela não é formada em medicina, nem em biomedicina.
A clínica não tinha licença para funcionar nem responsável técnico, segundo a delegada Débora Melo. “É uma exigência de qualquer estabelecimento comercial da área de saúde e estética o esclarecimento das atividades realizadas. Há atividades mais simples – como micropigmentação e massagens – e outras mais complexas, como o uso de substâncias injetáveis, que representam riscos para o paciente.”
O local foi interditado pela Polícia Civil de Goiás. O estabelecimento funcionava em Goiânia, mas foi fechado após a morte da modelo e influenciadora Aline Ferreira, 33, que morreu dias após aplicar PMMA nas nádegas -Ferreira morreu nesta terça-feira (2), em Brasília, menos de dez dias após passar pela estética procedimento, que teria sido realizado por Grazielly, segundo depoimento do marido da vítima à polícia.
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A empresária é investigada por exercício ilegal de medicina, por realizar serviços de alta periculosidade sem possuir formação técnica e por crime contra a relação de consumo ao enganar consumidores. A polícia também investiga se Grazielly cometeu crime de lesão corporal com morte em referência ao caso da modelo. A reportagem não conseguiu localizar a defesa da empresária. O espaço permanece aberto para manifestações.
Modelo pagou R$ 3 mil pelo PMMA
Aline Ferreira pagou R$ 3 mil para aplicar polimetilmetacrilato para aumentar as nádegas. O procedimento levaria três sessões para ser concluído, mas a modelo adoeceu e faleceu dias depois de passar pela primeira sessão, no dia 23 de junho.
Aline passou mal logo após passar pelo procedimento. A aplicação foi feita em Goiânia, e em seguida a influenciadora voltou para Brasília. Ela foi internada em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) seis dias depois, no dia 29 de junho.
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O estado de saúde do influenciador piorou gradativamente. A morte de Aline foi confirmada na noite do dia 2 de julho.
Usado na Aline, o PMMA também é conhecido como bioplastia. É um preenchedor definitivo em forma de gel utilizado em tratamentos faciais e corporais. O produto é liberado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas não recomendado pela SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).
Somente médicos estão autorizados a aplicar PMMA. Apesar de liberar o produto, a Anvisa ressalta que apenas profissionais médicos com formação adequada estão autorizados a realizar procedimentos com uso de polimetilmetacrilato. A agência também orienta que o produto seja utilizado em casos específicos de deformidades corporais causadas por algumas doenças.
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