BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, abriu o semestre do Judiciário nesta quinta-feira (1º/8) com discurso em defesa do Fórum Jurídico de Lisboa, organizado pelo instituto do ministro Gilmar Mendes.
Segundo Barroso, o evento teve “um grande e produtivo debate sobre temas brasileiros, com momentos de confraternização”.
“Gostaria de parabenizar o ministro Gilmar Mendes pela realização do evento, que atende bem à comunidade jurídica brasileira”, disse Barroso.
O Fórum Lisboa é organizado pelo IDP (Instituto Brasileiro de Educação, Desenvolvimento e Pesquisa), que tem Gilmar como sócio e seu filho como diretor. O evento ficou conhecido como “Gilmarpalooza”, em referência ao festival de música Lollapalooza.
A participação de autoridades de diversos órgãos públicos tornou-se motivo de críticas devido às viagens e despesas em Portugal. Em 2023, a participação dos integrantes dos Três Poderes custou pelo menos R$ 1 milhão em passagens aéreas com dinheiro público.
Na edição deste ano, o Congresso desembolsou pelo menos R$ 600 mil para custear a ida de 30 parlamentares a Lisboa.
Os ministros do Supremo Tribunal também sofrem repetidas críticas pelo ambiente proporcionado pelo fórum para lobby de advogados e empresários.
No discurso, Barroso argumentou ainda que não há problemas éticos na participação de ministros em eventos patrocinados por empresas interessadas em julgamentos no Supremo Tribunal Federal.
Para o ministro, as críticas à ida de ministros a esses eventos são fruto de um “preconceito que existe no Brasil contra a iniciativa privada”.
“[Empresários] evidentemente tem [interesse no Supremo]. Mas somos convidados e aceitamos participar de eventos com advogados, que tenham interesse no STF; no Ministério Público, que tem interesse. Os ministros visitam comunidades indígenas, que também têm interesse no Supremo”, disse.
Barroso também comentou a notícia de que o Supremo omite dados sobre viagens de ministros.
“Uma das notícias que circulou é que o STF, sob minha gestão, omite essa informação. O STF não tem essa informação e não tem motivos para ter informação sobre para onde cada ministro se desloca durante seu recesso ou lazer privado”, afirmou o ministro .
Barroso afirmou ainda que nenhum ministro viaja com despesas pagas pelo STF, exceto quando o motivo da viagem é representar institucionalmente o tribunal em algum evento.
O presidente do Supremo Tribunal defendeu ainda que os ministros do tribunal precisam de equipas de segurança para as suas viagens porque “o mundo infelizmente mudou”.
“Quase todos nós aqui já passamos por momentos difíceis de tentativas de agressão, ameaças e hostilidade. E como o mundo mudou, obviamente temos que dar segurança aos ministros, porque a agressão contra um ministro, na atividade pública ou privada, é uma violação da lei. institucionalidade”, disse Barroso.
Como mostrou o jornal ‘Folha de S.Paulo’, o tribunal tem arcado com despesas diárias com seguranças em viagens internacionais. Um servidor recebeu quase R$ 100 mil para acompanhar o ministro Dias Toffoli em viagens a Londres, no Reino Unido, e Madri, na Espanha. O pagamento corresponde a 25 noites internacionais, de 23 de abril a 17 de maio.
“Não há nada de errado em que, com a parcimônia imposta ao Poder Público, a segurança esteja garantida. [aos ministros] para que não estejam sujeitos a ataques de diversas ordens que possam ocorrer”, disse Barroso.
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