O governador Romeu Zema (Novo) disse que nos governos que o precederam os secretários recebiam jetons, enquanto na sua gestão esses funcionários não receberiam os recursos. O discurso foi em defesa do aumento salarial de quase 300% concedido a ele e ao primeiro nível da gestão estadual.
“Antigamente os secretários de Minas Gerais tinham jetons. Ganhavam muito mais do que hoje. se é aí que meu secretário ganha X é porque ele ganha X”, disse o governador de Minas Gerais em entrevista à CNN Brasil, nesta segunda-feira (29/7).
Porém, dados do Portal da Transparência do Estado de Minas Gerais apontam para uma realidade diferente daquela alardeada pelo governador de Minas Gerais.
O secretário de Saúde, Fábio Baccheretti, por exemplo, que assumiu o cargo em abril de 2021, só não recebeu jetons em oito dos 39 meses que está no governo. O último recebimento foi em abril deste ano, com salário líquido de R$ 25.816,17, com acréscimo de R$ 6.565,37 devido à composição da diretoria da Gasmig.
Inicialmente, Baccheretti recebia cerca de R$ 8.500 mensais em salário e R$ 5.631 em jetons. A partir de junho de 2023, o salário mensal passou a ficar em torno de R$ 24 mil e a remuneração pela participação no conselho da empresa foi recebida em abril deste ano.
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A ex-secretária de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto (Novo), recebeu em outubro de 2022 quase 150% a mais que seu salário líquido com jetons. Os salários naquele mês foram de R$ 13.183, enquanto a composição no BDMG, Cemig e Copasa aumentou R$ 21 mil.
Nos seis meses seguintes, os jetons representaram quase R$ 17 mil mensais para o secretário. O último recebimento de Barreto, em janeiro de 2024, com salário de R$ 32 mil, ela recebeu pela participação no conselho do BDMG mais R$ 5.166.
‘Ninguém diz a verdade…’
Na mesma entrevista, Zema afirmou que foi necessário o reajuste de quase 300% para que os secretários fossem mantidos no governo do estado.
“Ninguém fala a verdade. Um secretário de estado ganhava menos que um secretário municipal de uma cidade pequena. Comecei a perder secretários, eles ficaram quatro anos comigo como voluntários, e no início do segundo mandato falamos: ‘ vamos fazer uma correção que é normal para todos os estados do Brasil'”, afirmou.
Em outubro de 2023, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou um projeto de lei que aumentou o salário de Zema de R$ 10.500 para R$ 41.845,49. A regulamentação também aumentou os valores recebidos pelo vice-governador, Mateus Simões (Novo), secretários e secretários adjuntos.
O aumento financeiro catapultou o governador mineiro de líder do Executivo estadual com o menor salário para o terceiro mais bem pago, atrás apenas de Fábio Mitidieri (PSD), de Sergipe; e Gladson Cameli (PP), do Acre.
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