Deputado federal cassado Deltan Dallagnol critica denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Nikolas Ferreira por chamar Lula de ladrão

Deputado federal cassado Deltan Dallagnol critica denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Nikolas Ferreira por chamar Lula de ladrão


“Rasguem suas Constituições. Elas são apenas papel, não servem mais”, escreveu Dallagnol em publicação. (Foto: Pedro de Oliveira/ALEP)

O ex-deputado federal e ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol (Novo), publicou em suas redes sociais críticas à decisão da Procuradoria-Geral da República (PGR) que denunciou nesta sexta-feira (26), o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) por convocar o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ladrão.

“Arte. 53 da Constituição Federal: ‘Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e criminalmente, de quaisquer de suas opiniões, palavras e votos’. Rasguem suas Constituições. São apenas papel, não servem mais”, escreveu Dallagnol em postagem no Twitter e no Instagram.

Nikolas foi denunciado por discursos em discurso na Cúpula Transatlântica, evento da Organização das Nações Unidas (ONU) nos Estados Unidos, no ano passado. Na época, o parlamentar disse que “o mundo seria melhor se não houvesse tanta gente prometendo melhorá-lo” e afirmou que Lula deveria estar preso. Ele também criticou o ator Leonardo DiCaprio e a ativista ambiental sueca Greta Thunberg, alegando que ambos apoiavam o petista.

A denúncia foi assinada pelo vice-procurador-geral Hindemburgo Chateaubriand. Para ele, Nikolas cometeu o crime de insultar a honra do presidente. Neste caso, a legislação determina que a pena seja aumentada em um terço; o mesmo ocorre quando o crime é cometido contra pessoas com mais de 60 anos.

Em resposta, Nikolas também utilizou as redes sociais para criticar a deliberação da PGR. Ele argumenta que, por ter ido à ONU em missão especial como deputado federal, está legalmente imune.

“Mais um dia de cimento jogando o pedreiro na parede. Fui denunciado pela PGR por chamar Lula de ladrão na ONU. Só para esclarecer: fui convidado como Deputado Federal com missão oficial autorizada pelo Presidente da Câmara dos Deputados, ou seja, estava representando a Câmara. Se o meu discurso não estiver protegido pela imunidade parlamentar, é melhor revogar imediatamente o art. 53 da Constituição. Porém, não vou desistir, vou continuar fazendo o meu trabalho que, aparentemente, está me incomodando”, declarou o deputado.

Himdemburgo destacou que o discurso de Nikolas ultrapassou o direito conferido pela imunidade parlamentar, além de ter “clara intenção de manchar a honra” do presidente.

A PGR sugere o arquivamento do processo após audiência preliminar e transação penal. As plataformas X, Instagram, YouTube e TikTok também são solicitadas a excluir vídeos que contenham a declaração do deputado. Ele terá 15 dias para manifestar sua defesa prévia.