A brasileira envolvida diretamente em ‘Diver…

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Nascida e criada em São Paulo, a montadora, diretora, cineasta e animadora de imagem Raquel Bordin é hoje uma das poucas brasileiras que trabalham na Pixar, na Califórnia. Formada pelo curso de cinema da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), a jovem mudou-se para os Estados Unidos aos 21 anos, para estudar na New York Film Academy e depois na escola Gnomon, em Los Angeles. Atualmente morando na cidade californiana de Oakland, o paulistano trabalhou no escritório do estúdio de animação da Disney em Emeryville por quase cinco anos na função de CFS (creative film services), e atuou diretamente na edição de De dentro para fora 2O maior sucesso da Pixar e da animação na história, arrecadando US$ 1,4 bilhão nas bilheterias globais.

Em entrevista a VEJA, Raquel, que também trabalhou em Lucas (2021), Ano luz (2022), Vermelho: Crescer é uma fera (2022), Elementos (2023), explica sua participação no filme sobre as emoções de Riley, uma garota que passa a ter Ansiedade, Tédio, Vergonha e Inveja dentro de sua cabeça (o centro de controle), como companheiros de Alegria, Tristeza, Nojo, Raiva e Medo . Confira a conversa na íntegra:

Como foi seu envolvimento De dentro para fora 2? Trabalho no departamento internacional da Pixar, onde fazemos todas as versões de filmes para todos os lugares do mundo. Neste último filme, De dentro para fora 2, fizemos onze versões diferentes, nas quais alteramos algumas informações do filme, por exemplo na cena do cofre na mente de Riley, em que alteramos o nome de “o cofre” para a tradução em português, “o cofre”. Fazemos isso com diversas situações do filme, para adaptá-lo ao idioma do país em que será exibido. Trabalhamos também na área de marketing, indo a alguns eventos, como o D23, e além disso somos responsáveis ​​pela confecção dos trailers — tudo isso é trabalho do meu departamento.

Na prática, como funciona? É como se fôssemos uma equipe da SWAT, entramos no filme, fazemos o que precisamos fazer e vamos embora. E então vamos para o próximo. Existem equipes que trabalham anos em um único filme, mas nós trabalhamos em todos aqueles que estão em desenvolvimento. Por exemplo, em Inside Out 2, há algumas cenas que utilizam jornais, nas quais as emoções leem fofocas sobre o que está acontecendo no mundo de Riley. Mudamos tudo para português, para fazer sentido ao público brasileiro, e tudo é feito direto na imagem. A ideia é que o filme seja bem recebido visualmente — e não apenas com dublagem adequada — pela nação que está assistindo, para que esse público possa absorver e ter a experiência completa do filme.

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Poucos brasileiros trabalham atualmente na Pixar. Você é o único brasileiro do seu time? Sim está certo. Hoje temos cerca de onze brasileiros na Pixar, entre cerca de 1.400 funcionários, e sou o único não americano da minha equipe.

Então, a sua participação na edição final que chegou ao Brasil acabou sendo fundamental, né? Eu penso que sim. É interessante que a Pixar tem uns quatro ou cinco cinemas no complexo, e sempre quando terminamos, meu chefe me coloca sozinho em um deles para assistir e me pergunta o que achei da dublagem final. E lá estou eu, junto com um coordenador que não fala português, assistindo o filme em português depois de um ano assistindo apenas partes em inglês, e esse coordenador está lá para ver minha reação, verificar se as piadas foram bem traduzidas, se eles trabalham em outro idioma. Então minha chefe usa um pouco do meu lado internacional para esse tipo de coisa — assim como ela usa outros funcionários de outras culturas, para obter esse mesmo tipo de feedback.

Há cuidados extras com o público brasileiro? Sim existe. Até pensei que fosse apenas uma cereja no bolo, mas Elementos (2023) Trabalhei em algumas etapas da dublagem, no meio e no final e no meio, para fazer observações, fui com um bloco e anotei um monte de coisas. E muito do que apontei foi modificado no filme final. Então, sim, eles levam muito em consideração coisas que nós, estrangeiros, falamos na hora de finalizar um filme. Eles têm muito cuidado com tudo, porque querem que o mundo tenha a mesma representação do filme como se fosse em inglês e se fosse um americano assistindo. Esse cuidado extraordinário com todos os detalhes é importante, para que todos possam ter a mesma experiência.

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