Bolsonaro insinua que Lula e STF querem facilitar seu assassinato

Bolsonaro insinua que Lula e STF querem facilitar seu assassinato



FOLHAPRESS – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) insinuou, nesta quinta-feira (25/7), que o presidente Lula (PT) e o Supremo Tribunal Federal (STF) querem facilitar seu assassinato. A declaração ocorreu durante comício em Caxias do Sul (RS), fazendo menção ao ataque a Donald Trump.

Bolsonaro alegou que Lula lhe havia tirado dois carros blindados – a lei, porém, não prevê que a Presidência da República disponibilize carros blindados aos ex-presidentes, apenas automóveis.

Além disso, Bolsonaro disse que, como medida de precaução, afastaram quatro assessores que trabalhavam em sua segurança. Procurada, a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) afirmou, porém, que Bolsonaro faz uso das nomeações dos servidores a que tem direito e dos dois carros, mesmo não sendo blindados.

A Secom afirmou ainda que as medidas cautelares são de responsabilidade do Poder Judiciário e que “Bolsonaro não tem quaisquer direitos adicionais aos previstos na legislação”. A presidência não comentou a acusação do ex-presidente.

Também procurado, o STF não comentou as declarações. Assessores que trabalharam para Bolsonaro foram alvo de medidas cautelares do STF no âmbito das investigações judiciais, impedindo a comunicação dos investigados, que inclui Bolsonaro.

Após questionar o que teria acontecido nos Estados Unidos e por que o Serviço Secreto teria sido tão negligente, ele fez uma comparação com como seria a sua situação.

“No meu caso, quando voltei ao Brasil, para a presidência [da República], tinha direito a dois carros. Lula pessoalmente me tirou os dois carros blindados. Tenho direito a oito funcionários, os quatro que trabalhavam na minha segurança, por medidas cautelares, os quatro que trabalhavam na minha segurança foram afastados de mim. Até meu filho, ’02’ [Carlos Bolsonaro]ao tentar renovar o porte de arma, foi negado pela PF”, disse Bolsonaro, em cima de um carro de som.

“Eles querem facilitar. Não querem mais me prender, querem que eu seja executado. Não consigo pensar em outra coisa. Mas há uma coisa, o que aconteceu nos EUA nos últimos anos, como um espelho, vem acontecendo no Brasil acredito na eleição de Donald Trump em novembro deste ano”, acrescentou.

Bolsonaro e Trump

Após fazer insinuações sobre sua segurança, Bolsonaro disse ainda que a situação política dos Estados Unidos se repete no Brasil e que Trump, seu aliado, será eleito.

Um trecho com seu discurso foi publicado no Twitter do ex-Secom do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten.

Em nota, a Secom afirmou: “As regras para ex-presidentes são as previstas na Legislação (Lei nº 7.474/1986) e são as mesmas para todos os ex-presidentes: nenhum deles possui veículo blindado à disposição. medidas, o Judiciário deverá responder O ex-presidente Jair Bolsonaro tem o livre direito de indicar qualquer nome para sua segurança, conforme previsto na lei.

O discurso de Bolsonaro mistura acusações com campanha eleitoral. Como as investigações contra ele avançaram, como o mais recente indiciamento no caso das joias, ele já vem acusando a PF de perseguição e relembrou a tentativa de homicídio de Adélio Bispo –investigação que já foi concluída, percebendo que ele agiu sozinho.

A reclamação sobre carros blindados também não é nova. Ao retornar ao Brasil, deu entrevistas nas quais disse que não era autorizada a liberação de carro blindado – algo que não é esperado de nenhum ex-presidente. Ele alegou, na época, que já havia sido alvo de ataque, mas sem sucesso na mudança da regra.

Esse tipo de demanda é tramitada pela Casa Civil, responsável pelas prerrogativas do ex-presidente. Lula (PT), até onde se sabe, não teve envolvimento direto com a demanda.

Os seguranças a que ele se refere são Sérgio Cordeiro, Max Guilherme, Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti, todos alvos do STF, além de Bolsonaro, em processos que investigam suposto envolvimento em fraudes com cartões de vacinação, tentativas de golpe e joias.

Todos foram presos, e apenas os três primeiros foram libertados após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Por determinação do ministro, porém, os investigados não poderão ter contato.

Lei

A lei prevê que um ex-Presidente, no final do mandato, “tem direito a recorrer aos serviços de quatro funcionários públicos, para segurança e apoio pessoal, bem como a duas viaturas oficiais com motorista, despesas cobertas por dotações próprias da Presidência”. . República”.

Desde a tentativa de assassinato de Trump nos Estados Unidos, o ex-presidente e seus aliados traçaram paralelos em discursos e nas redes sociais com o esfaqueamento em Juiz de Fora (RJ), em 2018.

No dia seguinte ao ataque ao candidato americano, o ex-presidente participou do lançamento da candidatura de um aliado em Santos e chegou a dizer que “só os conservadores sofrem ataques”.

“Os ataques são contra pessoas de bem e conservadores”, afirmou num vídeo em que foi questionado por jornalistas e que publicou nas redes sociais.

E continuou: “Ele foi salvo, na minha opinião, assim como eu. Os médicos dizem que foi um milagre eu ter sobrevivido em 2018, considerando a gravidade dos ferimentos. , na minha opinião, é algo que vem de cima.”

Casos de violência política afetaram políticos de diferentes espectros no Brasil nos últimos anos. Uma das mais conhecidas foi a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), assassinada em 2018. Ainda naquele ano, um ônibus do então pré-candidato Lula (PT) foi baleado em uma estrada no interior do Paraná.



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