Brasil quer taxar super-ricos para financiar Aliança contra a Fome

Brasil quer taxar super-ricos para financiar Aliança contra a Fome


Iniciativa global foi endossada pelos países do G20

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Iniciativa global foi endossada por países do G20 (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

O Brasil depende de recursos provenientes da tributação das grandes fortunas, os chamados super-ricos, para financiar iniciativas da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A afirmação foi feita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (24), durante o pré-lançamento da iniciativa, no Rio de Janeiro. A Aliança é uma das prioridades da presidência brasileira do G20 (grupo das 19 maiores economias do planeta, mais a União Europeia e a União Africana).

“Em todo o mundo, os super-ricos usam uma série de truques para fugir aos sistemas fiscais. Isto significa que no topo da pirâmide os sistemas são regressivos e não progressivos. [quando mais ricos pagam menos impostos]”, afirmou.

O ministro das Finanças citou um estudo do economista francês Gabriel Zucman, realizado a pedido do Brasil, que estima uma receita de até 250 mil milhões de dólares por ano, se os bilionários fossem tributados sobre 2% da sua riqueza.

“É aproximadamente cinco vezes o valor que os dez maiores bancos multilaterais dedicaram ao combate à fome e à pobreza em 2022”, comparou Haddad.

Segundo o ministro, a Aliança Global assenta na premissa de que a comunidade internacional tem todas as condições para garantir condições de vida dignas para todos. “O que está faltando é vontade política.” O ministro explicou que a Aliança será “um catalisador desse desejo”.

“É imperativo que nos mobilizemos para aumentar os recursos disponíveis internacionalmente, destinados a combater a fome e a pobreza. Precisamos buscar inovações nos instrumentos de financiamento para o desenvolvimento”, pediu o ministro. Ele citou parcerias público-privadas e reformas bancárias multilaterais.

Articulação de recursos

Haddad também defendeu a articulação de recursos de bancos multilaterais de financiamento do desenvolvimento, como o BID (Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o BAD (Banco Africano de Desenvolvimento), além de facilitar o acesso aos recursos, promovidos pelo FMI ( Fundo Monetário Internacional). Haddad citou o mecanismo de canalização DES (Direito de Saque Especial), que permite aos países obter recursos do FMI.

O presidente do BID, o brasileiro Ilan Goldfajn, e o presidente do Banco Mundial, o indiano Ajay Banga, participaram do evento de pré-lançamento e manifestaram apoio institucional à iniciativa. Goldfajn afirmou que o BID está comprometido em erradicar a pobreza extrema na América Latina até 2030.

Ajay Banga, do Banco Mundial, não disse quanto o banco irá investir no combate à fome, mas afirmou que será um “parceiro líder” na Aliança Global. O indiano informou ainda que o banco se esforçará para fornecer ações de financiamento para atingir meio bilhão de pessoas até 2030.

Outra frente de atuação do Banco Mundial é através do investimento na agricultura nos países africanos. “Com investimentos em fertilizantes e irrigação, podemos ajudar as pessoas a produzir mais.”