Com ameaças, Zema conseguirá só “falsos amigos”

Com ameaças, Zema conseguirá só “falsos amigos”



Por se tratar de recesso, suspensão temporária das atividades de órgão público, legislativo ou judiciário, o momento é de reflexão, sem ataques de ansiedade ou abuso de poder. Por falta de aceno, Zema sofreu o segundo sintoma no primeiro dia de encerramento das atividades parlamentares. Em vez de contar até 10, ele partiu para o ataque contra seus próprios aliados, afirmando que mudaria sua postura e puniria sua falta de lealdade e “falsos amigos”.

Além do mais, fez ameaças para exigir lealdade de deputados que se dizem apoiadores do governo.

“Com certeza vamos mudar a nossa postura (com a base governamental). Em alguns momentos você ganha, em outros você perde, mas eles começaram a aproveitar e nós acabamos. Queremos na nossa base alguém que esteja conosco em todos os momentos (na alegria e na tristeza). Não finja ser um falso amigo para mim.”

Sua confusão deve ter sido influenciada pelo relato incorreto do seu secretário de Governo, Gustavo Valadares (PMN), que bateu no peito e disse ter 42 deputados aliados na votação do RRF. Não há mais do que, na ponta do lápis, 29 dos 54 chamados aliados.

Zema disse não entender a “verdadeira aversão” dos deputados à proposta de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para que Minas possa enfrentar o problema da dívida de R$ 165 bilhões com a União. Apontou o desconhecimento do ambiente político para a manutenção desta posição. Além da ignorância, duas outras conclusões permaneceriam. Não é preciso ser um especialista, nem um psicanalista, para tirar duas outras conclusões: a sua falta de liderança para convencer os seus próprios aliados ou o projecto RRF não é sustentável por si só.

Pacto, mas nem tanto!

No mesmo dia, em mais uma demonstração de sua visão política, o governador Zema fumou o cachimbo da paz com o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB). Após a reunião, ele disse que o tranquilizou, propondo a adesão temporária de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal. Tadeu Leite ouviu tudo, mas 48 horas antes tinha apoiado a aprovação de uma alteração que criava uma comissão de seis membros para avaliar a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal. Será composto por seis membros dos poderes Judiciário e Legislativo, além de órgãos como Ministério Público, Tribunal de Contas e Defensoria Pública de Minas.

Cada um com seu problema

Na reunião, Tadeu Leite deixou claro que só aceitou votar na adesão de Minas ao RRF na falta de tempo e alternativa. Ao contrário do seu antecessor, Agostinho Patrus, o presidente da Assembleia orientará a votação destes projetos de Zema. Garantir o quórum e os votos necessários é uma responsabilidade da própria liderança do governo.

Loja de barcos perto de Fuad

O boato de que o prefeito Fuad Noman (PSD), por estar doente, seria substituído não impediu que sua candidatura à reeleição fosse confirmada. A convenção do PSD deste sábado (20) bateu o martelo na presença do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Quem divulgou a farsa, já identificado na torcida do PSD, temia que a reeleição de Fuad pudesse fortalecer o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD) para 2026 na disputa para governador. A expectativa não foi apenas uma coincidência. Portanto, Fuad tornou-se o primeiro pré-candidato a se candidatar. “Fuad não é Biden. Ele está longe disso”, observou um aliado, referindo-se à desistência do presidente norte-americano de tentar a reeleição.

A influência de Kalil

Alguns institutos de pesquisa constataram que Kalil perdeu o timing e que sua influência na sucessão municipal teria caído de 30% para 10% devido à incerteza. Um pouco menos. A campanha eleitoral só terá início agora, a partir de 15 de agosto, após registros oficiais na Justiça Eleitoral.

Bolsonarismo quer o Senado

Com a inelegibilidade de Bolsonaro em 2026, o Bolsonaroismo (extrema direita) quer, além de concorrer à Presidência da República, eleger o maior número possível de senadores. A estratégia já está definida e por uma razão simples. Nas eleições de 2026, 54 cadeiras no Senado estarão em disputa, duas por estado. Na eleição de 2022, o bolsonarismo elegeu, das 27 cadeiras em disputa, 8 senadores do PL, além dos eleitos por outros partidos e dos que estavam no cargo. A atual bancada do PL é a segunda, composta por 13 senadores, depois do PSD, com 15 senadores e à frente do MDB, com 11.

Objetivo: controlar o STF

O principal motivo é que o Senado tem maior influência na escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Mais do que isso, querem atingir números suficientes para cassar o mandato dos membros da Corte. Além de guardião da Constituição, o STF é o Tribunal Constitucional que dá a última palavra em tudo o que diz respeito à interpretação da Constituição, a lei máxima do país. A análise é feita pelo Departamento de Apoio Parlamentar Intersindical (Diap). “Daí o interesse dos bolsonaristas em colocar todo o seu peso nas eleições para o Senado. Eles têm rancor do Supremo e querem controlá-lo”, diz Marcos Verlaine, analista do Diap.



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