19/07/2024 – 11h08
Itawi Albuquerque/Câmara dos Deputados
Lira também defendeu autonomia do Congresso na indicação de emendas parlamentares
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que propostas que alteram a legislação sobre o aborto ou que liberam armas ou drogas não passam na Câmara, mas precisam ser discutidas, porque os parlamentares têm cada vez mais protagonismo e isso é É natural que estes debates tenham lugar no Parlamento.
Segundo Lira, muitas exigências para urgência são votadas sem compromisso com o mérito da proposta. Um desses projetos é o polêmico texto que equipara o aborto após 22 semanas de gravidez ao homicídio, cuja urgência foi aprovada no mês passado (PL 1904/24).
Assistolia fetal
O presidente explicou que o objetivo do projeto era debater a técnica da assistolia fetal, e que foi objeto de conflito entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Conselho Federal de Medicina (CFM). A técnica consiste na injeção de cloreto de potássio para interromper os batimentos cardíacos do feto antes de ele ser retirado do útero.
O CFM havia proibido o uso da técnica clínica, e o STF anulou a decisão ao avaliar que havia indícios de abuso de poder regulatório por parte do conselho, ao limitar a realização de procedimento médico reconhecido, recomendado pela Organização Mundial da Saúde ( OMS) e previstas em lei.
A resolução do CFM dificultou o aborto de gravidez resultante de estupro.
“O que discutimos foi uma técnica, e foi o resto do projeto que deu uma versão horrenda. Quando você tenta explicar o assunto, esse assunto fica complicado e, para não ter versões, vamos ter várias discussões sobre assistolia e não sobre mudança na legislação sobre o aborto, porque isso não passa no Congresso”, disse o presidente em uma entrevista com Globonews nesta sexta-feira (19).
Emendas
Lira também defendeu o direito à autonomia do Congresso na indicação de emendas. Segundo ele, é o parlamentar quem consegue levar alguma intervenção pública às pequenas localidades para reduzir as desigualdades regionais e sociais.
“O ministro não tem uma visão detalhada de cada local”, disse o presidente. “Por que foi criado o orçamento tributário? Porque o Executivo não respeitou o orçamento votado e o parlamentar teve que ficar com o pires na mão”, criticou.
Ele afirmou ainda que é preciso repensar as alterações especiais de repasses, chamadas de “alterações Pix”. Nesse caso, os recursos podem ser destinados diretamente a estados e municípios, sem necessidade de formalização prévia de convênios, apresentação de projetos ou aprovação técnica do governo federal, ou seja, vão para prefeituras e estados sem destinação pré-definida .
Lira defendeu mais transparência nesse processo e disse que os objetos dessas alterações precisam ser mais definidos.
Dívidas partidárias
Sobre a aprovação da PEC que facilita o pagamento de dívidas dos partidos políticos (PEC 9/23), Lira voltou a afirmar que não se trata de anistia para associações que não cumpriram cotas para mulheres e negros.
Segundo ele, o Congresso vai corrigir, via PEC, resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) feita fora do prazo legal (da anualidade) e que aplicou multas aos partidos.
“Temos proibições constitucionais que impedem mudanças na lei [das eleições] dentro de um ano, e o que aconteceu foi uma resolução do TSE, dentro do prazo proibido, impondo regras de cotas aos partidos que não estavam na lei e aí vieram as multas. Acabamos de mudar”, explicou ele.
Reportagem – Luiz Gustavo Xavier
Montagem – Wilson Silveira
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