Sem ‘imposto do pecado’, armas de fogo podem ter queda nos preços

Sem ‘imposto do pecado’, armas de fogo podem ter queda nos preços



Com a aprovação do texto do regulamento da reforma tributária aprovado na Câmara dos Deputados na semana passada, armas de fogo e munições foram excluídas do imposto seletivo, o conhecido “imposto do pecado”. Agora o governo deve buscar alterar esta medida no Senado, pois desta forma as armas de fogo deverão registrar uma queda significativa de preço.

Sem a inclusão de armas na alíquota destinada a sobretaxar produtos que podem causar danos à saúde, como o cigarro, resta apenas a alíquota padrão no novo modelo tributário, que deverá ficar em torno de 27%, bem abaixo da média atual do imposto que atinge cerca de 90%.

Para o policial federal e pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Roberto Uchôa, a mudança tributária só deve aumentar a circulação de armas no país.

“Permitir que armas de fogo e munições tenham a mesma tributação que flores, fraldas e brinquedos mostra o tamanho do problema que vivemos no país. Com a mudança, na prática, a tributação cairá de 89,25% para 26,5%. O crime organizado agradece.

O policial federal lembra ainda que a medida tem potencial para fazer o país caminhar rumo ao modelo dos Estados Unidos. Ele lembra ainda que o criminoso que atentado contra a vida do ex-presidente Donald Trump utilizou um modelo de arma que durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi autorizado para venda no país, o que ele entende como um risco.

“De acordo com os dados coletados pelo recadastramento de armas ocorrido durante o governo Lula, sabemos que mais de 30 mil fuzis, incluindo a plataforma AR (AR-15) utilizados no ataque contra Trump, o que mostra que, durante o governo Bolsonaro, abordamos o cenário dos Estados Unidos com armas poderosas, com plataformas de guerra em circulação”, pondera o policial.

O vice-presidente da República e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, também criticou a decisão da Câmara de excluir as armas, ressaltando que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve atuar no Senado Federal para reverter a decisão.

“Sempre entendi que você deveria beneficiar mais a população mais pobre através do Imposto de Renda. O imposto sobre o rendimento deve ser sempre o factor mais importante da justiça fiscal. Colocar alimentos na cesta básica não é ruim. O ruim é que você tira a arma da seleção”, disse Alckmin.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que a equipe econômica do governo Lula também trabalhará pela inclusão de armas e munições no imposto seletivo durante a discussão no Senado Federal durante o segundo semestre. “Nossa proposta é devolver o imposto seletivo sobre armas”, disse o ministro em evento realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo.

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Além das armas, o governo tem sinalizado que também deverá discutir a sobretaxa seletiva de impostos para alimentos ultraprocessados ​​e agrotóxicos.

“Ainda há muita coisa a ser discutida após a aprovação da primeira etapa do regulamento da reforma. Tem gente que quer os alimentos ultraprocessados ​​de volta ao imposto seletivo também”, disse Haddad.

Posição defendida pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, que ainda busca a inclusão dos agrotóxicos na discussão no Senado da etapa de regulamentação da reforma tributária



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