Estados e municípios podem elevar cashback da reforma tributária por legislação própria – Notícias

Estados e municípios podem elevar cashback da reforma tributária por legislação própria – Notícias


12/07/2024 – 15:19

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Reunião do GT que elaborou o regulamento da reforma tributária

O projeto de regulamentação da reforma tributária (PLP 68/24) aprovado pela Câmara deixa espaço para estados e municípios aumentarem o cashback do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS) por lei própria. Se não houver nova lei, a rentabilidade mínima de 20% entrará em vigor em 2029.

O cashback beneficiará famílias que ganham até meio salário mínimo por pessoa, com a restituição de parte dos novos impostos sobre o consumo. Além do IBS, que é municipal e estadual, existe a Contribuição sobre Bens e Serviços, a CBS, que é federal.

A auditora da Receita Federal, Liziane Meira, disse aos deputados do Grupo de Trabalho de regulamentação da reforma que o objetivo era justamente privilegiar a discussão local sobre o tema: “Por que não foi destinado um percentual menor ao IBS, que é dos estados e municípios? ? Porque a expectativa é que os entes federados, estados e municípios, tenham políticas próprias e também aumentem esse índice”, afirmou.

No texto aprovado, a União, porém, terá de devolver 100% da CBS que incide nas contas de energia e água e na compra de botijões de gás. Para os demais produtos, exceto os sujeitos ao Imposto Seletivo, haverá devolução de 20%, assim como acontece com o IBS.

Luís Fernando da Silva, secretário da Fazenda de Rondônia, disse que, no grupo de trabalho, defendeu o mínimo de 50%: “Pessoalmente, como fiscal, defendo que esse percentual seja elevado para algo em torno de 50%, ainda que reduzindo alguma coisa de cesta básica. Isso será melhor para reduzirmos a regressividade, que é o maior problema do atual sistema tributário brasileiro”, afirmou.

Cashback e alíquota zero
A maioria dos tributaristas que participaram do GT acredita que o cashback é melhor do que dar alíquota zero para alimentação, por exemplo, porque pode ser direcionado para quem precisa; além de reduzir a informalidade porque exige a solicitação de nota fiscal. Outra vantagem é a garantia de que o benefício será integralmente repassado.

No Rio Grande do Sul já existe o programa Devolve ICMS que, segundo o subsecretário da Receita estadual, Giovanni Padilha, comprova que famílias que ganham até um salário mínimo têm redução de 50% na carga tributária.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Hauly defendeu cashback: alíquota zero beneficia os mais ricos

Para o deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), os testes com o cashback da CBS, que terão início em 2027, podem mudar o pensamento dos parlamentares: “É muito claro, entre taxa reduzida e cashback, não tenho dúvida. Se o cashback funcionar no teste que vamos fazer – e vamos fazer um ano de testes –, ele pode ser trocado por cashback, que é um reembolso personalizado e individualizado. Mas o legislador quis dar alíquota zero, alíquota menor e cashback. Ele deu ambos os instrumentos para reduzir a carga tributária sobre os pobres. É claro que a alíquota reduzida beneficia os mais ricos”, afirmou o deputado.

Pelo texto aprovado pela Câmara, a Receita Federal e o Comitê Gestor do IBS ainda terão que editar normas para definir a forma de cálculo e devolução dos tributos, após a sanção da lei complementar. Mas já define que serviços mensais, como contas de luz, serão reembolsados ​​nas próprias faturas.

Na América do Sul, Bolívia, Colômbia, Equador e Uruguai já utilizam cashback.

Relatório – Silvia Mugnatto
Montagem – Roberto Seabra



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