11/07/2024 – 19:11
Mário Agra/Câmara dos Deputados
Deputados no Plenário desta quinta-feira
A Câmara dos Deputados concluiu a votação, em dois turnos, da Proposta de Emenda à Constituição 23/09, que propõe a criação de uma espécie de Refis (refinanciamento de dívidas) para partidos políticos, seus institutos ou fundações para quitarem suas dívidas com isenção de juros e multas acumuladas, aplicando apenas correção monetária aos valores originais. A PEC será enviada ao Senado.
O texto, relatado pelo deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), também considera cumprida a aplicação de qualquer montante de recursos em candidaturas de pessoas pretas e pardas nas eleições que ocorreram até a promulgação da futura emenda constitucional.
Porém, a regra só será válida se o partido aplicar, nas quatro eleições seguintes à promulgação da emenda e a partir de 2026, a diferença em relação à cota que não foi cumprida nas eleições anteriores.
O primeiro signatário da PEC original é o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA).
O Plenário rejeitou a única ênfase votou, do Psol, que pretendia retirar do texto a permissão dada ao partido para escolher em qual distrito eleitoral a cota de recursos de 30% para candidaturas de pretos e pardos poderia ser utilizada para melhor atender aos interesses e estratégias do partido.
Debate em Plenário
O deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), que leu o relatório da PEC no Plenário, rejeitou o argumento de que a proposta anistia partidos. “Estamos estabelecendo parâmetros, métodos e proporcionando eficiência”, disse.
Segundo Silva, era praticamente impossível que os partidos seguissem a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de 2020. “O TSE, com a melhor das intenções, cria uma legislação impraticável para os partidos cumprirem.”
A decisão do TSE obrigou os partidos a distribuir recursos do Fundo Partidário, do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas (FEFC) e de tempo gratuito de publicidade eleitoral no rádio e na televisão proporcionalmente ao número total de candidatos negros que o partido apresentar para a disputa eleitoral.
No entanto, a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS), afirmou que a proposta prevê anistia aos partidos que descumpriram as cotas raciais, inclusive escalonando esses recursos para aplicação a partir de 2026, 2028, 2030 e 2032. “Isso é um rebaixamento do que o O TSE decidiu. É um rebaixamento de valores, especificamente.”
Para o deputado Hildo Rocha (MDB-MA), a decisão do TSE foi tomada sem base legal. “Os partidos já haviam feito um plano baseado no histórico existente de planos anteriores e, assim, ele foi implementado, mas aí vêm as multas aos partidos políticos, criadas justamente pelo constrangimento do Tribunal Superior Eleitoral, que estabeleceu esta resolução .”
Segundo Rocha, a proposta corrige decisão da Justiça Eleitoral. Ele exigiu que o texto seja votado logo para que ainda tenha validade nas eleições deste ano.
Recargas
O deputado Gilson Daniel (Pode-ES) defendeu o programa de recuperação fiscal (Refis) específico aos partidos políticos, seus institutos ou fundações, para que possam quitar suas dívidas com isenção de juros acumulados e multas. “Às vezes, quando você assume o partido, há questões anteriores. Tem que regularizar o passado. capacidade”, afirmou.
A deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) disse que o projeto prevê salvo-conduto permanente aos partidos políticos. “O que isso gera? Um salvo-conduto, uma autorização e uma acomodação no sentido de que os partidos políticos jamais cumprirão as regras, as regras de gênero, as regras de raça ou mesmo as regras que dizem respeito a impostos e outras formas de despesa “, declarou ela.
A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) afirmou que os discursos a favor de cotas e direitos para mulheres e negros ignoram o foco principal da proposta. “É anistia irrestrita, aqui não estamos falando de mulheres, de cotas negras. Estamos falando objetivamente de anistia. Ao cancelar sanções nas contas eleitorais, estamos dando Refis infinitos aos partidos políticos”, afirmou.
Mais informações abaixo
Reportagem – Eduardo Piovesan e Tiago Miranda
Montagem – Pierre Triboli
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