O vai-e-vem de Juscelino Filho nas negociações sobre o futuro da Oi

O vai-e-vem de Juscelino Filho nas negociações sobre o futuro da Oi



Acusado pela Polícia Federal de desvio de recursos públicos, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, foi tema central de conversa recente entre ministros e o presidente Lula. Embora o mandatário da União Brasil tivesse problemas com a lei desde que foi nomeado responsável por drenar recursos de emendas parlamentares para, entre outras melhorias, pavimentar uma estrada em sua fazenda com dinheiro de uma empresa estatal, há poucos meses Lula foi alertou pessoalmente que seu assessor tinha interesse em colocar um de seus indicados como possível intervencionista governamental na operadora de telefonia Oi.

Pouco familiarizado com o setor, Juscelino manifestou interesse em escolher um nome em que confiasse caso a operadora de telefonia não conseguisse fechar acordo com o Executivo e deixar de ser concessionária de serviço público. Em recuperação judicial pela segunda vez, a empresa tentava migrar para o regime de autorização, quitar dívidas bilionárias com a União e se libertar de restrições, como a obrigatoriedade de disponibilizar telefones públicos em determinadas localidades do país.

O que diz o acordo entre o governo e a Oi?

Na quarta-feira, 3, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou por unanimidade um acordo firmado entre a empresa, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Ministério das Comunicações e a empresa V.tal para que a telecom deixe de ser concessionária. Em troca, deverão ser feitos investimentos de 5,8 bilhões de reais em infraestrutura de telecomunicações em data centers e escolas, por exemplo, a maior parte dos quais – 5 bilhões de reais – será custeada pela V.tal. Até 2028, também haverá oferta de telefonia fixa em cerca de 10 mil localidades atendidas pela Oi.

Por causa do acordo, a empresa impede a União de cobrar bilhões de reais devidos desde que a Oi se tornou concessionária e, como consequência imediata, livra a empresa da falência. Com a sobrevivência, não há mais necessidade de interventor, como considerou originalmente o ministro Juscelino.

Altos dirigentes da Anatel disseram a VEJA que o chefe de Comunicação também transmitiu a eles o interesse em patrocinar um possível interventor na Oi. Com o avanço das negociações do acordo, porém, os mesmos ministros que relataram a Lula o apetite inicial de Juscelino disseram ao petista que o subordinado do presidente passou a apoiar a criação de uma solução consensual para evitar o colapso da empresa. “Se houvesse intervenção na Oi, Juscelino seria apontado como o indiciado que deixou a empresa explodir e a população da região Norte ficar sem telefonia”, disse a VEJA um ministro que conversou com Lula sobre o tema.

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A proposta avalizada pelo TCU prevê a rescisão antecipada do contrato de concessão da Oi, que expiraria no final de 2025, desde que haja, entre outros pontos, compromisso com investimentos e manutenção da prestação de serviços para as áreas de abrangência da empresa. Embora houvesse opiniões contrárias do Ministério Público com o TCU e a área técnica do tribunal, o acordo foi fechado, segundo os ministros que participaram do julgamento no Tribunal de Contas, como forma de impedir a empresa de ir à falência e causar a desordem em regiões do país. um apagão de telecomunicações.

“A rejeição deste acordo resultará no naufrágio do atual plano de recuperação judicial da empresa e, muito certamente, dada a falta de alternativas, acabará por determinar a sua falência. Caso isso ocorra, o Estado poderá ter que exercer a prerrogativa de assumir, ainda que temporariamente, a prestação do serviço. Essa situação, além de inadequada do ponto de vista do interesse público, também dá a impressão de que a empresa aproveita sua precária condição para obter vantagens na negociação com o poder público”, resumiu o relator do caso, Jorge Oliveira .

Em comunicado, o Ministério das Comunicações disse que “aceitou o início do processo [de acordo] porque identificou a oportunidade de preservar serviços essenciais para a manutenção das políticas públicas de conectividade e atender a diretriz do governo Lula de desenvolvimento com conectividade para toda a população brasileira indistintamente, especialmente nos locais mais afastados dos grandes centros”. “Com recursos do processo de adequação entre o regime de concessão e autorização, com base nos valores identificados pela Anatel e reconhecidos pela Oi e pelo TCU, o Ministério das Comunicações buscou investimentos que garantam a implementação de políticas públicas que acelerem a conectividade do país”, disse. adicionado.



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