Tony Bellotto: ‘Censurar livros é fascismo’

Tony Bellotto: ‘Censurar livros é fascismo’



Na quarta-feira, dia 10, sai seu 11º livro, Vento em setembro (Companhia das Letras), thriller ambientado em uma pequena cidade. Como surgiu a história?É um livro que fala sobre a busca pela identidade. Coloquei muitas coisas lá que vi acontecer. Lembro-me da minha adolescência, no interior de São Paulo, onde eram organizadas orgias para celebrar a iniciação sexual de crianças com prostitutas. Isso me chocou e coloquei na história.

Seus romances são sempre thrillers policiais. De onde veio seu interesse pelo gênero?Gosto da ideia do enigma. A essência do romance policial é o desvendar do enigma. É um clássico: mostra o cadáver na primeira página e o culpado na última, com o detetive tentando descobrir ao longo do livro. Eu trabalho muito com isso no novo romance. Sempre me inspirei no escritor belga Georges Simenon, e meus escritos têm essa aura de investigação policial.

No próximo ano você comemora trinta anos desde o lançamento do seu primeiro livro, Bellini e a Esfinge. O processo criativo de escrever um romance e compor uma música em Titãs é o mesmo?O impulso inicial é semelhante. Queria escrever profissionalmente desde a adolescência e, aos 33 anos, acabei lançando meu primeiro romance. Mas também era meu sonho ser guitarrista de rock. Sempre fiz as duas coisas. A música está mais próxima da métrica da poesia. Nos romances, a prosa flui. Gosto de alternar entre esses dois aspectos criativos. Passei um tempo com o Rubem Braga e ele me deu muitos conselhos objetivos sobre redação.

Que tipo de conselho?Uma que nunca esqueci foi esta: “Um livro pode ser tudo menos chato”. Ele também me ensinou que quando você começa a escrever um livro, você não consegue mais parar, como acontece comigo quando estou no meio de uma turnê. Ele disse que era preciso retomar a escrita do livro pelo menos uma vez por semana, para não deixar a história se perder. Além de outras dicas, como ser claro na escrita. Ele disse que você pode ser enigmático, mas nunca deve ser obscuro.

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Recentemente, uma cidade mineira proibiu o livro O menino marrom, de Ziraldo, foi utilizado em salas de aula — decisão revertida pela Justiça. Como escritor, qual a sua opinião sobre o episódio?É terrível. Censurar livros é algo do fascismo ou nazismo mais radical. O livro é uma expressão de liberdade. Esta censura por razões morais é hipocrisia, por vezes disfarçada de moralidade religiosa. É inaceitável. Temos que prestar atenção a isso. O mesmo aconteceu com o livro de Jeferson Tenório, no Rio Grande do Sul. Meu livro também é uma forma de mostrar minha indignação.

Publicado em VEJA em 5 de julho de 2024, edição nº. 2900

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