Como Sullivan e Massadas foram “sequestrados pelo sucesso” nos anos 90

Como Sullivan e Massadas foram “sequestrados pelo sucesso” nos anos 90



Nas décadas de 1980 e 1990 a dupla Michael Sullivan74 anos e Paulo Massadas, 73 anos, descobriu o segredo do sucesso. As músicas, gravadas por nomes como Xuxa, Roberto Carlos, Tim Maia, Gal Costa, Fagner, Roupa Nova, Alcione, Sandra de Sá, entre outros, alcançavam regularmente as primeiras posições das mais tocadas, tornando-se verdadeiros clássicos brasileiros. Após 35 anos de separação da dupla, os compositores voltam a se reunir neste sábado, dia 6, para apresentação no Cine Joia, em São Paulo.

A festa comemora o sucesso do documentário Sullivan & Masadas: retratos e canções, no Globoplay, que conta a história da dupla. Em entrevista a VEJA, os dois compositores disseram que o segredo era fazer música sem preconceitos. Do infantil ao pop, funk e samba, passando pelo forró e chegando ao rock. Nenhum estilo ficou de fora de sua lista de sucessos. Entre os sucessos estão Um dia de domingo (Gal Costa e Tim Maia), Deslizamentos (Fagner), Amuleto da sorte (Leandro e Leonardo), Nem morta Isso é Loucura Estranha (Alcione), Jogar fora Isso é Retratos e músicas (Sandra de Sá), Amor Perfeito, Meu ciúme Isso é Pergunte ao seu coração (Roberto Carlos). A dupla também compôs inúmeros sucessos infantis, como É chocolate, Parabéns da Xuxa, Lua Cristalina Isso é Uni-Duni-Tê.

Apesar do sucesso, os dois compositores enfrentaram preconceitos e comentários ferozes dos críticos musicais da época, que se incomodavam com a quantidade de sucessos que tiveram. Na série de TV há até uma entrevista antiga e risível com um desses críticos apontando ponto por ponto os motivos pelos quais ele achava cafona a música de Sullivan e Masada. Confira abaixo os principais trechos do bate-papo.

Vocês voltarão a cantar juntos neste sábado, dia 6, após um hiato de 34 anos. Qual é a sensação de voltar aos palcos?

Sullivan: É uma festa. Voltamos depois do sucesso do documentário Sullivan & Masadas: retratos e canções, no Globoplay, de André Barcinski e Pedro Bial, em parceria com a equipe do Kuarup. Por enquanto, não é um retorno, mas sim uma celebração. É um encontro.

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Massadas: Imagine que você conseguiu escalar a montanha e permaneceu no topo por anos e anos. Ao descer, há uma sensação de missão cumprida. Nem Sullivan nem eu poderíamos imaginar que chegaríamos onde estamos. Costumo dizer que fomos sequestrados pelo sucesso. A nosso favor, posso dizer que nunca recusamos nenhum pedido de música. Dos artistas mais humildes aos mais consagrados. Estávamos sempre lá para servir. Sabíamos que poderíamos agregar algo à música brasileira de alguma forma. As pessoas estavam muito felizes nas décadas de 1980 e 1990.

Nem Sullivan nem eu poderíamos imaginar que chegaríamos onde estamos. Costumo dizer que fomos sequestrados pelo sucesso.

Paulo Massadas

Você tem uma lista inegável de sucessos, mas enfrentou comentários irados e preconceitos dos críticos musicais da época. Como você lidou com isso?

Sullivan: Minha música não tem preconceito e luta pelos seus direitos. É uma música que representou um país continental – e ainda representa porque continua a ser regravada. Fazíamos de tudo, desde pop, rock, forró, pagode, sertanejo e música infantil. Nossa música foi a trilha sonora de todos os corações. O preconceito que existia era uma orquestração de alguns que achavam que a arte precisava ter pedigree. É claro que as críticas nos afetaram, mas continuamos e lutamos contra elas. Não fizemos música de nicho.

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Massadas: Na época ninguém percebeu, mas nossa música refletia as mudanças políticas, econômicas e religiosas que o Brasil enfrentava. Intuitivamente – não foi de propósito – reflectimos a alegria do regresso da democracia. Nós adaptamos isso para um novo idioma. A música brasileira voltou a ser popular e não política. Estávamos na hora certa, fazendo a música certa, para o público certo.

Sullivan: A música nos usou porque nos propusemos a servir o povo.

Minha música não tem preconceito e luta pelos seus direitos.

Michael Sullivan

Existia uma fórmula para o sucesso?

Sullivan: Nós não inventamos nada. Quando digo que a música nos usou é porque fizemos música que reflecte as nossas origens. Começamos a tocar em bailes e tocávamos de tudo, desde Martinho da Vila até rock and roll.

Massadas: Quando você faz música, você traduz emoções. As pessoas sentiam-se – e ainda hoje se sentem – identificadas com eles. Os arranjos de Lincoln Olivetti foram espetaculares e devastadores. Fomos abençoados com tudo isso.

A certa altura, músicos de todos os matizes bateram à sua porta para pedir música. Como funcionou essa indústria?

Sullivan: Depois de experimentarem este mel, eles queriam mais. Foi uma explosão. Nossas composições sempre acabavam se tornando as que mais vendiam e tocavam nas rádios. Mas não era nada que pudesse ser previsto. Eu sempre digo que quando alguém diz que vai escrever um hit, é melhor ir embora porque vai dar errado. Tivemos “TTS”: Talento, Trabalho e Sorte. Talento e trabalho nós garantimos. Sorte, só Deus.

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Massadas: Fizemos algo em torno de 600 a 700 músicas juntos. Muitos que nem lembramos. Mas se você tivesse 700 filhos, você se lembraria de todos os nomes deles?

Os críticos achavam que a arte precisava ter pedigree.

Michael Sullivan

Você compôs para Tim Maia, Gal Costa, Roberto Carlos, Alcione, Sadra de Sá… Qual música fez o sucesso mais inesperado para você?

Sullivan: A música Amuleto da sorte nasceu assim. Mario Luiz, que era um dos maiores radialistas da época, nos pediu uma música para entrar no disco de um amigo dele. Era Elson de Forrogode. Mas eu não sabia que a música era para ele. Liguei para o Paulo logo pela manhã para atender essa demanda. Eram cerca de 4 da manhã e tínhamos que compor de qualquer maneira. Fizemos a música em duas horas. Entregamos a música e a pessoa gravou. Dois meses depois, nos corredores da Som Livre, Elson me abraçou chorando dizendo que tínhamos feito a música da vida dele. Eu nem sabia qual era a música. Estávamos com a Xuxa na época. E a música era Amuleto da sorte. Depois, a dupla Leandro e Leonardo gravou e fez sucesso como nunca. No México, Ana Gabriel gravou ritmo mariachi e ganhou um Grammy. Ainda é tocado lá até hoje. Neguinho da Beija-Flor, Diogo Nogueira, Ferrugem e até Tony Ramos e Antônio Fagundes já gravaram.

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Massadas: A música é uma caixinha e surpresa. Às vezes, você não acredita muito nela e ela explode. Aos poucos, creio, nos tornamos tradutores do subconsciente coletivo.

Com esse número de músicas de sucesso, você ficou rico?

Massadas: Se tivéssemos dez músicas de sucesso estaríamos ferrados. Mas são 700 e isso muda todo o jogo.

Sullivan: Para a América Latina e o Brasil, somos bem remunerados. A receita aqui, porém, ainda é pequena em comparação com os Estados Unidos. Também existe um padrão muito grande. Poderíamos ter ganho o dobro ou o triplo. Ganhar dinheiro no Brasil é uma missão de vida. Mas não podemos reclamar.

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