O 2 de Julho, a verdadeira independência do Brasil e o ataque a Benedita

O 2 de Julho, a verdadeira independência do Brasil e o ataque a Benedita



Todo dia 2 de julho é comemorado o Dia da Independência da Bahia, data que também marca o independência do Brasil, sendo entendida como a verdadeira libertação do país, com a expulsão das tropas portuguesas. Contudo, este importante acontecimento histórico ainda não tem a repercussão e o reconhecimento nacional que merece.

Recentemente, em conversa com uma baiana, lembrei-me do profundo significado do dia 2 de julho. Para ela, esta data, comemorada com orgulho pelo povo baiano, é o verdadeiro marco da independência do Brasil, apesar dos seus paradoxos. Ela recitou trechos do Hino ao 2 de Julho, cujos versos ressoam a força de um grito atemporal e, atualmente, mais que urgente: “Tiranos não combinam, brasileiros, corações brasileiros”. Estas palavras não são apenas um eco do passado, mas um grito contínuo pela liberdade e justiça que ainda procuramos.

Ao ouvi-la, percebi a importância de uma história muitas vezes esquecida.

A Bahia, cuja capital tem a maior população negra fora da África, foi palco de uma resistência que definiu a identidade do nosso “povo valente”, como nos lembra o Samba-enredo 2023 da Beija-Flor de Nilópolis. A luta pela independência, que culminou em 1823 – e ainda tem como símbolo as figuras do caboclo e da cabocla – começou muito antes e também teve os negros na vanguarda. Mais uma vez, “o sangue do orgulho vermelho e servil avermelhou as terras do Brasil”.

A narrativa oficial omite frequentemente a natureza híbrida da luta pela independência, uma vez que agricultores, pessoas escravizadas, pessoas libertadas e agricultores pobres lutaram lado a lado. Na linha de frente – como em outros episódios da história brasileira, como a Guerra do Paraguai –, os escravizados lutaram não apenas pela soberania, mas sobretudo pela libertação do seu povo. Uma promessa de liberdade que, mais de dois séculos depois, ainda não foi cumprida.

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As mulheres também desempenharam um papel crucial. Maria Felipa, Joana Angélica e Maria Quitéria não são apenas nomes em nossos livros de história, mas símbolos de resistência e coragem. Estas heroínas representam a força feminina que impulsionou a luta pela liberdade.

Todo dia 2 de julho, devemos também lembrar não apenas a vitória de 1823, mas também as batalhas em curso pela igualdade e pela justiça social. Se “o Brasil já jurou independência ou morre”, invoco novamente as reflexões da minha interlocutora baiana, uma mulher negra, que me fez a pergunta: “Continuamos a morrer, mas pela independência de quem?”

Segundo o Atlas da Violência 2024, nos últimos 11 anos, a cada 12 minutos, uma pessoa negra é assassinada no Brasil. São essencialmente jovens negros, cujas mães transcendem a dor para transformar o luto em luta por justiça.

O mês em que se comemora o dia 2 de julho também é dedicado às mulheres negras: 25 de julho é o dia internacional das mulheres negras latino-americanas e caribenhas. No Brasil, é também o dia de Tereza de Benguela, líder quilombola que resistiu à escravização por duas décadas no comando do quilombo Quariterê.

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As mulheres negras em nosso país, apesar de constituírem o maior segmento social (28% da população brasileira), não têm sua luta histórica e cotidiana valorizada. Nunca construiremos uma democracia justa para todos se a liberdade e a igualdade continuarem a ser uma mera promessa para os negros (e também para os indígenas).

Comemorar o 2 de Julho e o Julho Negro – nome dado pelo movimento de mulheres negras – é, acima de tudo, reconhecer a contribuição de todos os brasileiros, principalmente daqueles que ficam à margem na hora de compartilhar os frutos da vitória contra tirania, seja da vitória da independência ou da frágil vitória da democracia.

“Pela pátria soberana, essas são as pessoas que estão no poder, Marias e Joanas, os Brasis que eu quero ter.” São Marias, Mahins, Marielles, Malês que também precisam estar na vanguarda dos rumos do Brasil.

PS – Especificamente nesta terça-feira, dia 2, houve uma declaração de Carla Zambelli que se referiu Benedita da Silva como Chica da Silva, uma mulher escravizada do século XVIII que alcançou alforria e mobilidade social. A declaração gerou uma onda de solidariedade ao parlamentar com inúmeras mensagens, inclusive do presidente Lula. A fala de Zambelli apenas mostra que essas questões são ainda mais necessárias no Brasil de 2024.



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