Após romper com Eduardo Paes (PSD), os republicanos devem caminhar ao lado do principal rival do prefeito nas eleições deste ano, Alexandre Ramagem (PL), de Bolsonaro. Pelo menos, formalmente. Liderado pelo presidente estadual Waguinho e pelo cacique Eduardo Cunha, o partido está dividido: terá a ala religiosa, historicamente ligada à Igreja Universal, trabalhando ao lado do atual prefeito, enquanto a ala política caminhará com o ex-chefe da Abin.
Indicado pelo presidente nacional do partido, Marcos Pereira, para organizar o Republicanos no Rio, Cunha é quem tem liderado a aproximação com o PL de Ramagem. A aliança daria mais musculatura ao partido Bolsonaro, principalmente com tempo de TV, um ativo valioso para reduzir a ignorância durante a campanha.
Cunha também foi um dos pivôs da saída dos republicanos do governo Paes, em que o partido tinha duas secretarias, além de chefiar órgãos municipais. O pedido era de mais espaço, o que não foi atendido. Desde então, cogitou-se o lançamento de uma candidatura própria, encabeçada pelo ex-prefeito Marcelo Crivella ou mesmo pelo ex-deputado Cabo Daciolo, que não avançou.
Finalizada a aliança com Ramagem, ainda existe a possibilidade de os republicanos indicarem um nome para se juntar ao vice-presidente em sua chapa. Dado o histórico de convulsões até agora, porém, é preciso esperar para entender se tal harmonia se confirmará até o período das convenções partidárias.
Na campanha do candidato do PL, as preferências para vice são para quem soma votos e que seja mulher, facilitando a participação das eleitoras. Tal indicado também pode vir de outros partidos anteriormente aliados, como o MDB, ou mesmo do próprio Partido Liberal, formando assim uma chapa pura.
Asas divididas
Intrinsecamente ligados à Igreja Universal desde a sua criação, os republicanos estão hoje divididos no Rio. A ala mais próxima da congregação tem maior simpatia por Paes, que num golpe calculado afiliou ao PSD um dos líderes daquele grupo, o pastor Deangeles Percy.
Percy é pré-candidato a vereador, ganhou espaço na nova sigla e abriu caminho para o prefeito em eventos com fiéis, além de ajudar a atrair informalmente alguns dos políticos republicanos, que mantiveram oficialmente uma postura neutra. Opositor ferrenho do prefeito em outros tempos, até Crivella admitiu trégua nos ataques caso concorresse contra Paes.
“O cenário até agora é incerto”, afirma o deputado federal e bispo da Universal, Jorge Braz. “Não sou Eduardo Paes, mas o conheço. Ele administra a cidade como poucos. O ideal para o estado é que possamos caminhar em harmonia. Cidade, estado e União”, completa.
Nos bastidores, o presidente estadual do Republicanos, Waguinho, tem adotado uma postura mais reservada, sem antecipar suas decisões aos seus apoiadores. Dada a proximidade com o PL, porém, uma reconciliação formal com Paes, com quem costuma manter bom diálogo, está cada vez mais distante. Os dois chegam a ser tratados como aliados de primeira viagem do presidente Lula no estado.
“Foi um desgaste posterior. A briga aconteceu pelo tamanho da porção solicitada e pela forma como ela foi colocada. Do jeito que estava, é difícil eles voltarem a caminhar juntos”, diz um membro dos Republicanos.
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