Banco Central vê impacto modesto das enchentes no Rio Grande do Sul no PIB do Brasil e sobe para 2,3% a previsão de crescimento em 2024

Banco Central vê impacto modesto das enchentes no Rio Grande do Sul no PIB do Brasil e sobe para 2,3% a previsão de crescimento em 2024


Na análise do BC, o “impacto líquido” das enchentes no resultado econômico deste ano tende a ser negativo em alguns setores.

Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini

Na análise do BC, o “impacto líquido” das enchentes no resultado econômico deste ano tende a ser negativo em alguns setores. (Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini)

O Banco Central elevou a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano de 1,9% para 2,3%. A informação consta do relatório de inflação do segundo trimestre. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.

Se o PIB crescer, significa que a economia está bem e produzindo mais. Se o PIB cair, significa que a economia está contraindo. Em outras palavras, o consumo e o investimento total são menores. No entanto, um aumento do PIB nem sempre equivale a bem-estar social.

“A revisão foi muito afetada por surpresas positivas no primeiro trimestre, notadamente nos impostos, nos componentes mais cíclicos da oferta, no consumo das famílias e na Formação Bruta de Capital Fixo (taxa de investimento)”, informou o Banco Central.

No ano passado, a economia brasileira cresceu 2,9%, segundo dados oficiais. O resultado ficou acima do esperado pelo mercado financeiro.

Com isso, o resultado para o PIB de 2024 estimado pelo BC também representará, se confirmado, uma desaceleração em relação ao nível do ano passado.

Com o aumento, a projeção do BC para o crescimento da economia brasileira neste ano ficou um pouco acima das expectativas do mercado – que viu, na semana passada, um aumento de 2,09% para o PIB em 2024.

O Ministério das Finanças estimou, em maio, que o Produto Interno Bruto crescerá 2,5% este ano.

Rio Grande do Sul

Segundo o BC, o aumento na estimativa de crescimento do PIB deste ano também incorpora os indicadores mensais disponíveis para o segundo trimestre, que geralmente apontam para desaceleração da atividade econômica, incluindo o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul.

“Estima-se, com alto grau de incerteza, que a tragédia climática no RS terá um impacto modesto no crescimento anual do PIB nacional. Os efeitos negativos deverão ficar bastante concentrados no segundo trimestre e compensados ​​pelos esforços de reconstrução e pela aquisição extraordinária de bens de capital, bens duráveis ​​e vestuário, que deverá ocorrer principalmente no segundo semestre. Setorialmente, porém, deve haver uma heterogeneidade relevante”, avaliou a instituição.

Na análise do BC, o “impacto líquido” das cheias no resultado económico deste ano tende a ser negativo em alguns sectores, como a agricultura e “outros serviços” (que inclui serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação fora de casa e atividades de lazer) e positivo para a construção e produção de alguns tipos de bens que possam ter sido perdidos.

”Espera-se que os esforços para reconstruir o RS contribuam positivamente para o crescimento do PIB no segundo semestre do ano, somando-se ao impacto defasado da redução do grau de aperto monetário [aumento da taxa de juros] ocorreu ao longo do último ano”, acrescentou o Banco Central.