28/06/2024 – 18:22
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Sessão solene de celebração do Dia do Orgulho LGBTQIA+
A Câmara dos Deputados realizou sessão solene para marcar o Dia do Orgulho LGBTQIA+, comemorado nesta sexta-feira (28). No Plenário, os deputados destacaram a importância de lutar pelos direitos deste segmento da população e afirmaram que está em jogo o próprio direito à existência.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), autora de um dos pedidos para a realização da sessão, destacou a importância da luta LGBTQIA+ que, segundo ela, não pode ser reduzida a determinados aspectos da vida. “Só teremos uma sociedade democrática e justa quando enfrentarmos a LGBTfobia, quando enfrentarmos tentativas de anular as pessoas porque são como são. É uma luta para garantir marcos civilizacionais”, disse ela.
A deputada Daiana Santos (PCdoB-RS) é autora do Projeto de Lei 2.046/24, que cria o Estatuto da Igualdade LGBTQIA+. “Não podemos mais aceitar questionar a nossa existência. Estamos agindo e colocaremos esse estatuto em debate.” Ela destacou ainda a inclusão de dois parlamentares LGBTQIA+ na lista dos 150 mais influentes no Congresso. “Quem ganha é a sociedade brasileira”, declarou ela.
Daiana Santos considerou a posse da deputada Carla Ayres (PT-SC) esta semana um marco histórico. “Até esta semana, eu era a única mulher abertamente lésbica na Câmara”, disse ela. Ela reafirmou seus compromissos com a população LGBTQIA+ na luta pelo progresso. “É fundamental que estejamos ocupando esses lugares. A resistência LGBTQIA+ continua e ainda vamos conseguir muito neste país.”
Carla Ayres comemorou o fato do Plenário estar lotado no Dia do Orgulho LGBTQIA+. “A importância de ocupar espaços como este. Participar nesta sessão solene, ter a oportunidade de ocupar um lugar na Câmara esta semana e poder participar numa atividade oficial no Dia do Orgulho, num momento em que retomamos a jornada pelos direitos humanos, é extremamente emocionante.”
Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Carla Ayres e Daiana Santos, deputadas lésbicas, comemoram o Dia do Orgulho LGBTQIA+
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o deputado distrital Fábio Felix (Psol) falou sobre as dificuldades para debater os direitos LGBTQIA+ no meio político. “Quando falam em ‘agenda aduaneira’ é um mecanismo para invisibilizar a nossa luta. Não é uma questão de costumes, é uma questão de democracia, de direitos civis. Não podemos aceitar que o nosso reconhecimento e a nossa agenda sejam secundários e negociados no Congresso Nacional ou nos legislativos estaduais e municipais”, afirmou.
Violência
Para o Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, o fim da violência contra a população LGBTQIA+ deve ser um projeto de país. “Não há projeto de país se admitirmos e aceitarmos a violência que atinge pessoas LGBTQIA+. O projecto de desenvolvimento deve cuidar das condições institucionais para que as pessoas vulneráveis tenham mais protecção. É dever das instituições brasileiras acolher as demandas da população LGBTQIA+”, destacou.
Almeida disse que o Dia do Orgulho LGBTQIA+ é um dia de memória e de luta pela garantia dos direitos da população LGBTQIA+. “Estamos aqui celebrando a memória, lutando pela verdade e pela justiça para quem está aqui e pela não repetição da violência.”
O ministro também defendeu a família. “Quem realmente se preocupa com as famílias defende as pessoas LGBTQIA+. Se as pessoas acham que podem viver uma vida indigna, sem trabalho, sem emprego, à mercê da violência, vivem até a morte, são hipócritas, não defendem a família”, afirmou. .
Avanços
Vice-presidente do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Janaina Oliveira destacou a importância da data no contexto da retomada do diálogo sobre políticas públicas para esse segmento da população. “Estamos mais uma vez incluídos e ocupando espaços. Foram sete longos anos de exclusão terrorista da nossa existência”, relatou ela. Ela fez um apelo para que, nas eleições municipais deste ano, o voto seja dado a pessoas que não discriminem a população LGBTQIA+.
Assessora de Inclusão, Diversidade e Equidade em Políticas de Saúde da Secretaria de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente do Ministério da Saúde, a travesti Alícia Krüger comemorou a diversidade ao ocupar cargos estratégicos no governo federal e os avanços nas políticas públicas para a população LGBTQIA+. “Pegamos o patrimônio desde o início e colocamos em prática”, destacou.
Alícia Krüger citou o retorno da possibilidade de uso do nome social no Sistema Único de Saúde (SUS), a exclusão dos transexuais do hall dos transtornos mentais no país e o uso do termo “dissidência de gênero” na classificação clínica. “Fizemos muito, mas queremos fazer muito mais pela população LGBTQIA+”, disse ela.
O CEO do Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero, Paulo Iotti, destacou a legitimação da existência da população LGBTQIA+ nesta data. “A importância de manifestarmos aqui na Câmara o nosso orgulho de sermos como somos porque não há nada de errado em sermos como somos”, declarou.
Iotti comemorou avanços no Judiciário desde 2011, como o casamento civil, a mudança de nome de pessoas trans e o reconhecimento da homofobia como crime. Ele também destacou o trabalho em andamento no Congresso. “Estamos aqui acompanhando projetos e lutando por avanços na legislação”, destacou.
Presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a advogada trans Amanda Souto Baliza disse ter orgulho de defender movimentos sociais que muitas vezes só conseguem ter seus direitos atendidos pela via judicial. Ela também destacou o papel dos parlamentares que, apesar de todas as dificuldades, “compreendem a seriedade com que a questão dos direitos humanos deve ser tratada”.
A secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Márcia Rollemberg, destacou as iniciativas da secretaria que reconhecem grupos LGBTQIA+ e se tornam porta de acesso a políticas públicas.
Relatório – Geórgia Moraes
Montagem – Pierre Triboli
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