BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, nesta sexta-feira (28/6), para condenar o homem que destruiu o relógio doado por Dom João 6º do Palácio do Planalto durante os ataques golpistas do dia 8 de janeiro.
O julgamento de Antônio Cláudio Alves Ferreira começou no dia 21, em plenário virtual, quando os ministros votam pelo sistema eletrônico do STF, e termina no final desta sexta.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, propôs pena de 17 anos de prisão. O homem está atualmente na prisão.
É responsável pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e danos qualificados de violência e ameaça grave, com utilização de substância inflamável contra o património da União e com danos consideráveis ao vítima.
Moraes disse que a culpa de Ferreira foi comprovada pelos depoimentos de testemunhas colhidos pelo Ministério Público e por vídeos e fotos feitos pelo próprio réu.
Fotografias da Praça dos Três Poderes estão anexadas à manifestação de Moraes. Moraes descreve as imagens divulgadas pelos próprios vândalos como “terríveis”.
O ministro afirmou que o homem tentou abolir o Estado Democrático de Direito e impedir “o exercício dos Poderes constitucionais através da depredação e ocupação dos edifícios-sede dos Três Poderes da República”.
Segundo a votar no processo, o ministro Cristiano Zanin acompanhou Moraes sobre a culpa do réu, mas discordou sobre a pena. Ele definiu 15 anos. O ministro Edson Fachin seguiu o mesmo entendimento. Os ministros Flávio Dino, Dias Toffoli e Gilmar Mendes acompanharam o relator.
O presidente da Corte, ministro Luis Roberto Barroso, também discordou parcialmente de Moraes. Ele rejeitou a condenação pelo crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. “Como já destaquei em casos semelhantes, a meu ver, as circunstâncias de facto objetivas descritas nos autos obedecem unicamente ao disposto no artigo 359.º-M do Código Penal (Golpe de Estado)”, afirmou.
O relógio destruído foi o único exemplar da peça no mundo inteiro, dado de presente a Dom João VI pela corte de Luís XIV, da França. A obra foi desenhada por André-Charles Boulle e fabricada pelo relojoeiro francês Balthazar Martinot no final do século XVIII, poucos anos antes de ser trazida para o Brasil.
A peça estava alojada no terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, quando o local foi invadido por centenas de golpistas.
Os ponteiros e números do relógio foram arrancados e uma estátua que adornava o topo da peça foi arrancada.
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