Governo federal prevê fazer 800 mil perícias em benefícios neste ano para cortar gastos bilionários

Governo federal prevê fazer 800 mil perícias em benefícios neste ano para cortar gastos bilionários


Segundo cálculos do INSS, esse movimento pode resultar em economia de R$ 600 mil por mês

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) estima que serão realizados até 800 mil exames presenciais no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e no Benefício por Incapacidade Temporária (antigo auxílio-doença) este ano.

Nos cálculos do Instituto, esse movimento poderia resultar em uma economia de R$ 600 mil por mês — o que totalizaria R$ 7,2 bilhões em um ano. Esta estimativa considera que cerca de metade dos benefícios estão a ser pagos de forma errada (uma espécie de média neste tipo de avaliação).

Enquanto o subsídio de doença se destina a pessoas que comprovem estar impossibilitadas de trabalhar temporariamente, por mais de 15 dias consecutivos, o BPC ajuda pessoas com deficiência e idosos que comprovem não ter meios para se sustentar.

Avalia-se que essa massiva expertise será possível devido à implementação do Atestmed, que concede assistência de curto prazo por meio de análise documental. Sem essas obrigações, acredita-se que haverá espaço para os colaboradores trabalharem na revisão de outros benefícios.

O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicou que esses benefícios, por lei, deveriam ser revistos a cada dois anos, o que não acontece. Na conversa, indicou ainda que, estimativas à parte, o governo só conhecerá as potenciais poupanças deste processo quando o realizar.

“Vamos verificar isso apenas realizando a revisão. Mas certamente há espaço. Também melhoraremos nossa arrecadação administrativa, para que quem recebeu o benefício errado, por fraude ou erro, nos devolva com mais rapidez, visando o equilíbrio das contas públicas”, disse.

Foram discutidas possibilidades de mudanças “estruturais” nos benefícios, como uma “modernização” da indexação do BPC, para equilibrar o Orçamento do próximo ano. O governo Lula, porém, sinaliza que a perícia e a revisão dos pagamentos serão a frente a ser atacada neste momento.

Questionado sobre a possibilidade de desindexação do BPC da política de aumento do salário mínimo, Stefanutto disse acreditar que o governo terá criatividade para fazer cortes sem prejudicar quem depende desse dinheiro.

“Temos um problema no nosso país que é a necessidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas e a distribuição de rendimentos. E o BPC tem um papel importante nisso. Acima de tudo, esse dinheiro colocado na economia vai para o consumo e gera um ciclo importante, de distribuição de renda”, afirmou.