A queda do dirigente partidário que gozava da intimidade do poder

A queda do dirigente partidário que gozava da intimidade do poder



Eurípedes Júnior, fundador do PROS, partido que contava com mais de 120 mil filiados, cresceu na região conhecida como Entorno do Distrito Federal —periferia da capital. De origem simples, ele e o irmão se revezavam no início dos anos 2000 na direção de uma van que transportava passageiros. Para reforçar o orçamento, construíram um campo de futebol para alugar. A empreitada deu certo, Eurípedes ficou conhecido e foi eleito vereador em 2008. Foi o início de uma ascensão política meteórica.

Em 2010, Eurípedes, ainda político caipira, criou seu próprio partido político, o PROS. Depois disso, assumiu o comando da Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Distrito Federal, tentou ser deputado federal por Goiás, obteve 72 mil votos, ficou apenas com o cargo de suplente, mas o PROS prosperou.

O partido formou uma bancada de 14 deputados federais e conseguiu atrair gente grande como o então governador do Ceará Cid Gomes e seu irmão Ciro, ex-candidato à presidência da República. Nas eleições de 2020, o partido continuou a crescer — elegeu 41 prefeitos e 754 vereadores. Depois, em 2014, o PROS alinhou-se com a candidatura da presidente Dilma Rousseff. Em 2018, cerrou fileiras ao PT de Fernando Haddad.

Aliado fiel, foi recebido pelo presidente no Palácio do Planalto, antes e depois da eleição. Após a vitória de Dilma, participou do discurso oficial ao lado do presidente Lula. No caminho, porém, Eurípedes foi acusado de “vender” o partido para reeleger o ex-presidente. A acusação era de que o partido teria recebido 7 milhões de reais da construtora Odebrecht para apoiar o PT. As reclamações foram se acumulando.

TSE quebrou o sigilo da festa

Em abril de 2017, o TSE quebrou o sigilo bancário do PROS, após descobrir que dinheiro do fundo eleitoral do partido havia financiado um helicóptero e um avião para uso privado do líder, além de pagar suas mansões, carros e viagens ao exterior.

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Em agosto de 2018, VEJA publicou reportagem mostrando que Ciro Gomes e seu irmão Cid pagaram 2 milhões de reais para obter o controle do partido no Ceará. Houve até um esquema de extorsão envolvendo o partido. Em delação premiada, os irmãos Wesley e Joesley Batista, proprietários da JBS, disseram que o governo cearense, na gestão Cid Gomes, cobrou “contribuições de campanha” para liberar créditos tributários a que a empresa tinha direito.

Ex-mulher revelou que Eurípedes Jr. usava laranja

A ex-mulher de Eurípides aumentou a avalanche de acusações. Em agosto de 2019, VEJA publicou reportagem em que Sandra Caparrosa, ex-mulher de Eurípedes, acusava o marido de usar nomes de terceiros para registrar imóveis do casal, avaliados em 2 milhões de reais. O líder também foi acusado de “desaparecer” com bens do partido avaliados em 50 milhões de reais —um parque gráfico, carros e um helicóptero.

Eurípides foi preso no último PROS não existe mais. O partido fundiu-se com o Solidariedade.

Luxo, regalias, palácios e amigos importantes, ao que parece, agora farão apenas parte do passado do líder. Preso na semana passada, Eurípedes foi transferido para a penitenciária da Papuda, em Brasília. Acusados ​​de organização criminosa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, peculato, ninguém compareceu para se solidarizar.



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