Medidas de segurança no Planalto pós-8 de janeiro ficam só para 2025

Medidas de segurança no Planalto pós-8 de janeiro ficam só para 2025



BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Um ano e meio depois dos ataques golpistas de 8 de janeiro, medidas para aumentar a segurança do Palácio do Planalto ainda permanecem sem implementação.

Após uma série de idas e vindas entre o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em relação a propostas, foi aprovado no dia 11 um anteprojeto de troca dos vidros por blindados.

A perspectiva agora é que o edital seja lançado ainda este ano, mas que as mudanças ocorram apenas em 2025.

Logo após assumir o cargo, em abril do ano passado, o ministro do GSI, general Marcos Antonio Amaro, afirmou que seria necessário promover algumas mudanças no Palácio do Planalto para aumentar a segurança.

Essas medidas já estavam previstas em um grande programa de modernização da segurança dos palácios da capital federal, em 2017, mas que vinham sendo implementados gradativamente por questões orçamentárias. Prevê a substituição de câmeras e novas guaritas, entre outros pontos.

A modernização das câmeras foi a primeira etapa e está prestes a ser concluída no Palácio do Planalto – isso porque estava planejada desde 2019.

A instalação, segundo relatos, levou em consideração o posicionamento de objetos patrimoniais e obras artísticas – itens em grande parte vandalizados nos ataques golpistas. No total, são 708 novas câmeras em todas as instalações presidenciais.

Dos 348 do Planalto, pelo menos 332 já foram instalados.

A invasão e depredação do Palácio do Planalto pelos bolsonaristas criaram um sentimento de urgência e algumas dessas medidas foram aceleradas.

“Uma das medidas é blindar essas janelas do térreo. Pretendo blindá-las. Cada vidro que quebra é uma porta. Quando não tem uma barreira física para contê-lo, é preciso estabelecer uma barreira humana, “, disse Amaro, em entrevista à Folha dias após assumir o cargo.

“Os palácios não foram construídos com essa percepção da necessidade de segurança contra invasões, uma visão muito benevolente do espírito passivo do povo brasileiro. O palácio fica a 30 metros da rua. , Iphan, para aumentar a segurança.”

A instalação de vidros blindados no térreo do Planalto, porém, vinha enfrentando alguns problemas técnicos e por isso foi objeto de discussão e alterações nas propostas enviadas pelo GSI ao Iphan.

Uma hipótese que acabou não dando certo, por exemplo, foi a blindagem das janelas do primeiro andar, no acesso à rampa principal. Concluiu-se que não suportaria o peso das novas instalações.

O piso térreo do palácio é totalmente cercado por vidro. Contudo, não são peças completas, com janelas basculantes na parte superior, previstas no projeto original. Como o vidro blindado é mais pesado, fica difícil calcular como a estrutura poderá suportar a adaptação.

A solução aprovada no anteprojeto prevê a instalação de um modelo “intermediário”, que é composto por uma mistura de polímero e vidro. Interlocutores do GSI ressaltam que basta parar os tiros de armas pesadas, como fuzis.

A solução escolhida apresenta uma ligeira diferença de tonalidade, mas estimou-se que a alteração não seria significativa.

“Intervenções, adaptações e atualizações em prédios tombados são vistas com naturalidade. Só há controle de projeto para que essas intervenções sejam as mínimas possíveis. Nosso papel é orientar para que o projeto não desvirtue o prédio tombado”, disse ao Iphan ao relatório.

O instituto emitiu parecer técnico aprovando a minuta no dia 11 de junho. O documento prevê a substituição das esquadrias existentes por outras com vidros blindados no térreo do palácio, no gabinete do vice-presidente Geraldo Alckmin –localizado em um anexo– e em uma das guaritas.

A autorização inclui também a troca das portas de acesso ao gabinete do presidente, que serão substituídas por portas cercadas por esquadrias, com vidros blindados.

“Cabe ressaltar que a aprovação para o desenvolvimento do anteprojeto não consiste em autorização para a realização de qualquer obra”, informou o Iphan em correspondência interna ao GSI.

O processo que deu início à autorização do Iphan começou em novembro do ano passado. O anteprojeto é o primeiro passo para iniciar agora a licitação de uma empresa de engenharia para executar o projeto propriamente dito.

O caso tramita na Casa Civil para dar continuidade ao processo licitatório para contratação do projeto final de engenharia e arquitetura – que também precisará ser aprovado pelo Iphan.

A nova previsão é que as mudanças no vidro aconteçam apenas no ano que vem, e existe a possibilidade de que sejam feitas em etapas, caso não haja recursos.

Em 2017, foi criada uma rubrica orçamental para reformas de segurança nos palácios. No total, são cerca de R$ 9 milhões. Mas ainda não há estimativa de quanto custará a substituição do vidro por vidro blindado.

Outra mudança para aumentar a segurança do Planalto que durará até 2025 é a construção de uma nova guarita principal para controlar o acesso à entrada do palácio.

Hoje uma pessoa pode chegar até a entrada do Planalto, onde trabalham os ministros e o presidente, sem passar por um raio-x. A ideia é começar a triagem logo na guarita.

A estrutura principal seria ampliada para possibilitar a triagem inicial dos visitantes. Todos passarão por uma máquina de raio X, assim como seus pertences. O procedimento hoje é realizado somente após a entrada no palácio.

O objetivo é evitar episódios como o de setembro de 2011, quando um homem armado tentou invadir o Planalto para conversar com a então presidente Dilma Rousseff.

O homem disse que queria um encontro com Dilma. Ao ouvir a recusa dela, ele disse que ela o ouviria de qualquer maneira e tirou um megafone da mochila. Quando os agentes tentaram detê-lo, o homem sacou a arma.

O agente público responsável pela negociação e obtenção da rendição do invasor foi o então secretário de Segurança Presidencial Marcos Antonio Amaro, atual ministro do GSI.

No início deste ano, foi assinado contrato de R$ 4,5 milhões para a construção de novas guaritas para todos os palácios e residências oficiais: além do Planalto, o Palácio da Alvorada (residência oficial da Presidência), o Jaburu (residência oficial do vice-presidente) e Granja do Torto.

As obras começaram no mês passado, na guarita de serviço do Alvorada e na principal da Granja do Torto. Os outros dois provavelmente começarão no próximo ano.



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